Com o passar dos anos, a sociedade já se deparou com inúmeras formas de governos e políticas, que evoluíram de maneiras diferentes em cada país ou região. O Brasil, que já foi uma monarquia, hoje é uma república federativa. Neste contexto, voltamos nosso olhar para o Reino Unido, uma união política de quatro nações: Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, que passam por um momento de transição política, em meio a novas eleições. Em razão de sua importância econômica e cultural, essas eleições têm reflexos em todo Europa, logo, no mundo todo.
Neste sentido, buscaremos aqui entender como funciona a escolha de um novo chefe de governo e como são as eleições nos países do Reino Unido. Primeiramente, é importante destacar que o Reino Unido é uma monarquia parlamentarista ou constitucionalista. Nesse modelo, há uma clara diferenciação entre o Chefe de Estado e o Chefe de Governo. O Chefe de Estado é o rei ou a rainha, que possui funções meramente simbólicas e cerimoniais, sem poder político real. A responsabilidade de gerir a política do país cabe ao Chefe de Governo, que é chamado de primeiro-ministro ou premier.
No Brasil, o Chefe de Governo e Chefe de Estado são a mesma pessoa, que é o presidente da república, e sua escolha ocorre de forma direta. As eleições são convocadas e os eleitores escolhem entre os candidatos que concorrem à presidência. Já no Reino Unido, a escolha do primeiro-ministro ocorre de forma indireta, pois as eleições são distritais. Nesse modelo, os eleitores escolhem os membros do parlamento (members of parliament), que são uma espécie de deputados. O primeiro-ministro será o líder do partido que obtiver mais cadeiras no parlamento; ou seja, o partido que eleger mais parlamentares também elegerá o Chefe de Governo.
O Reino Unido é dividido em 650 distritos, distribuídos em 543 na Inglaterra, 57 na Escócia, 32 no País de Gales e 18 na Irlanda do Norte. Cada um desses distritos elege um parlamentar para fazer parte da Câmara dos Comuns (parlamento britânico). O parlamento britânico é composto pela Câmara dos Comuns, com membros eleitos, e pela Câmara dos Lordes, que inclui membros da nobreza e do clero britânico escolhidos e não eleitos. O que antes era apenas um acordo de cavalheiros, hoje é uma regra: o primeiro-ministro é obrigado a convocar novas eleições em até cinco anos.
Vale lembrar que, caso um partido não alcance o número de 326 cadeiras eleitas, ele pode se aliar a partidos menores para atingir a cota necessária para eleger o premier. Nessas situações, o governo é comumente chamado de governo de minoria. No entanto, isso é raro, já que a política é dominada por dois grandes partidos: o Partido Conservador e o Partido Trabalhista. É importante destacar que o sistema de voto distrital privilegia esses partidos, uma vez que, nos distritos, é muito difícil para um candidato fora desse eixo alcançar a maioria dos votos.
Esse sistema é muito diferente do que estamos acostumados no Brasil, onde a separação dos poderes entre executivo e legislativo é bem definida. As eleições para presidente, governadores e prefeitos não se confundem com as de senadores e vereadores. No Reino Unido, o parlamento é responsável tanto por legislar quanto por fiscalizar as ações executivas do primeiro-ministro.
Em um mundo globalizado como o de hoje, é importante que compreendamos como determinadas práticas governamentais e políticas acontecem ao redor do mundo. Se uma engrenagem gira do outro lado do mundo, a roda pode girar aqui. Por isso, a política e o direito internacional devem ser bem assimilados por todos, permitindo uma melhor compreensão dos fatores externos que influenciam nossas vidas.