Tempos difíceis estamos vivendo. Quando chega os meses de julho e agosto é o terror das donas de casa. Uma secura, uma ventania sem fim. Nada para limpo e a labuta é grande que até cansa. Vivo isso todos os anos nessa estação, pois, para agravar ainda mais, na minha casa tenho o privilégio de possuir uma mangueira gigante. Nessa estação, hora são as folhas, hora são as flores, hora são os frutos abortados que caem e, para logo adiante, as mangas maduras impossíveis de serem apanhadas que sobraram no pé se arrebentam no chão. É “destamanho” a coisa. Limpo o quintal de manhã para a tarde estar sujo, novamente. Mas, apesar de tudo isso, há benefícios também. Por que não falar da sombra acolhedora que se transforma num refúgio em dias ensolarados? A manutenção da limpeza, portanto, é uma tarefa diária. A rotina desgasta, mas nada é de graça, como também nada é sem propósito. E assim vivemos o processo de todas as coisas. Adoro colher aquelas mangas deliciosas de quase um quilo em cada novembro e dezembro que até me esqueço do trabalho que ela me deu. Quantas vezes, fico ali debaixo observando a anatomia do seu tronco, dos seus galhos que, às vezes, crescem na horizontal e depois na vertical parecendo dobradas propositalmente. Confesso que algumas dessas intervenções foram feitas por mim mesma, pois, teve vez que a decepei todinha até a copa deixando somente o tronco e ela renasceu com mais força e garra produzindo muito mais mangas. Faz parte do processo. As estações vão mudando, a chuva vem chegando e com elas o cenário muda também. Ter uma mangueira é, em última análise, uma questão de perspectiva. Para mim, a sujeira é um inconveniente menor comparado aos prazeres simples que ela proporciona e é inegável a beleza de estar em conexão com a natureza. Para outros, o esforço poderá não valer a pena. Todavia, as responsabilidades sempre estão ligadas a pelo menos uma bênção. Tem vez que chega dá um nó na mente da gente quando tentamos decifrar como algo tão admirável foi concebido. Ante tanta beleza, tanta pompa, grandiosidade, somente um pensamento nos pode dominar: gratidão. Gratidão a um engenhoso Criador inigualável que estabeleceu belezas em toda parte. Então, não adianta impedir o vento de ventar. Só nos resta agradecer e esperar o tempo passar sem reclamações, porque tudo passa e tudo se renova na face da Terra. Assim como não podemos controlar o vento, muitas vezes também não temos controle sobre os eventos que nos afetam. Ao invés de lutar contra o vento, podemos aprender a ajustar nossas velas. Em outras palavras, podemos nos adaptar às circunstâncias e encontrar maneiras de seguir em frente, mesmo em meio à adversidade. Essa flexibilidade é uma habilidade valiosa que nos ajuda a navegar pelas incertezas da vida com mais facilidade.