Vivemos tempos confusos e agitados, onde muitas vezes nos sentimos perdidos. As distrações do quotidiano e os hábitos prejudiciais parecem ter tomado o controle. Quantas vezes, quando a solidão bate, recorremos à comida como conforto, muitas vezes sem fome real, apenas para preencher um vazio emocional? Ou ainda, passamos horas sem rumo nas redes sociais, procurando distração numa rotina aparentemente sem propósito? Estas são as armadilhas do mundo moderno, que nos fazem desperdiçar tempo e energia em comportamentos automáticos e, muitas vezes, prejudiciais. Estamos presos numa espiral de ações impulsivas. Em tempos de aperto financeiro, quantos de nós não cedemos às compras desnecessárias? Corremos de um lado para o outro, mas sem uma direção clara. A nossa mente dispersa-se, até mesmo quando deveríamos estar a descansar. As noites mal dormidas acumulam-se, e a televisão, sempre ligada em noticiários melancólicos, aumenta o peso que carregamos diariamente. O que estamos a fazer, afinal? Estamos a deixar que o tempo passe sem realmente aproveitarmos a vida. Estamos a amar pouco. Esquecemos de dar aquele abraço carinhoso nas pessoas que amamos, as conversas tornam-se raras e superficiais. Estamos a negligenciar os sentimentos de amor e as boas ações que poderiam transformar os nossos dias. Parece que, em vez de viver, estamos apenas a sobreviver. Ignoramo-nos, e enquanto os anos se somam às nossas vidas, não estamos a adicionar vida aos nossos anos. Focamo-nos nas tarefas mundanas, como limpar a casa e tirar o pó, mas esquecemos da limpeza essencial da nossa alma. Tornamo-nos impacientes, intolerantes e violentos, colocando tensão em tudo à nossa volta. Planeamos muito, mas realizamos pouco. Estamos apressados, mas sem foco. A nossa produção tem sido fútil, e não edificante. Estamos a perder tempo precioso, procurando gratificações imediatas e não estamos a dedicar tempo ao estudo e ao autoconhecimento. As nossas relações afetivas estão a esvaziar-se. Vivemos numa era de separação, desunião, egoísmo e indiferença. Lares despedaçados são a triste realidade de muitos, onde há muito para mostrar na vitrine, mas muito pouco na despensa da alma. Mas, podemos nos diferenciar da multidão e mudar esta realidade. Pequenos gestos podem fazer uma grande diferença na forma como vivemos e experienciamos a vida. Dediquemos mais tempo às pessoas que fazem parte da nossa vida. A presença física e emocional é um dos maiores presentes que podemos oferecer aos outros. Não tenhamos medo de dizer “eu te amo” àqueles que são importantes para nós, mas não nos esqueçamos de amar-nos e cuidar-nos também. Busquemos atividades que nos traga serenidade e paz no dia a dia. Desliguemos a televisão e estejamos presente para os pais e os filhos. Eles precisam da nossa atenção e carinho, mais do que imaginamos. Lembremo-nos de que as necessidades materiais são intermináveis e não precisamos de muito, apenas o suficiente para nos sentirmos realizados e felizes.