Pela primeira vez na história de Votuporanga, um jovem com síndrome de Down irá disputar uma vaga na Câmara Municipal. Trata-se de Caio Freitas, do PL
Caio Freitas, do PL, é o primeiro candidato a vereador com síndrome de Down da história de Votuporanga (Foto: Redes sociais)
Da redação
Pela primeira vez na história de Votuporanga, uma pessoa com síndrome de Down irá disputar uma vaga na Câmara Municipal. Trata-se de Caio Freitas, do PL. Conhecido nacionalmente nas redes sociais por trazer à público o debate sobre o real sentido da inclusão social para pessoas com deficiência, o jovem, de 22 anos, agora entra para a política, com o intuito de levar essa mesma bandeira para dentro do Legislativo.
Caio, que é filho do delegado de polícia aposentado Gilberto Freitas e da delegada titular da DDM (Delegacia de Defesa da Mulher), Edna Freitas, é o primeiro candidato com síndrome de Down de Votuporanga, mas não do Brasil. Em 2021, Luana Rolim de Moura (PP), entrou para a história como a primeira pessoa com síndrome de Down no país, a ocupar um cargo eletivo, ao assumir uma vaga na Câmara Municipal de Santo Ângelo-RS. O votuporanguense, agora, quer seguir o mesmo caminho.
Estudante do curso de Publicidade e Propaganda, na Unifev, Caio nasceu e cresceu em Votuporanga. Tem uma vida social ativa, pratica esportes (natação e Muay Thay) e namora Ivy Faria, que também tem síndrome de Down e é filha do ex-jogador de futebol e hoje senador da República Romário. O “baixinho”, aliás, chegou a divulgar um vídeo recentemente nas redes sociais onde pede votos para o genro.
Em entrevista ao A Cidade, o rapaz contou que foi convidado para várias palestras sobre inclusão e passou a perceber que nem todos os jovens com deficiência intelectual possuem as mesmas oportunidades, muitas vezes por falta de políticas públicas e também por conta da família superprotetora, o que lhe motivou a entrar para a política.
“Diante da minha experiência de vida, me senti motivado a participar da política. Em primeiro lugar, para dar visibilidade à causa da inclusão social, mostrando para a sociedade que a síndrome de Down não limita o direito de pessoas com deficiência e também para dar voz àqueles que sofrem exclusão social, preconceito e esperança para as famílias de pessoas com deficiência”, disse Caio.
Questionado sobre suas prioridades, caso seja eleito, o jovem apresentou três de seus principais projetos. O primeiro é a criação de uma “creche” para pessoas com deficiência. Segundo ele, a criação da creche é baseada na questão de que as entidades da cidade não acolhem todas as pessoas com deficiência, devido ao número de vagas. Só no Recanto da Tia Marlene, conforme o candidato, existe uma lista de espera de 30 pessoas.
“A sociedade tem se mobilizado para inclusão da pessoa com deficiência, mas esquece das necessidades das famílias, principalmente das mães. Vi vários casos de mães que foram abandonadas pelo marido quando tiveram um filho com deficiência e que lutam sozinhas para sustentar e cuidar dos filhos que requerem cuidados especiais. Elas se veem sobrecarregas, exaustas e até mesmo depressivas. Muitas não têm rede de apoio, sequer tem tempo para irem ao mercado, ao médico ou se cuidarem”, disse.
Ainda segundo o candidato, a creche funcionaria com pré-agendamento e por período determinado, facilitando a vida dos familiares. No local, equipe multidisciplinar ofereceria cuidados e atividades a crianças, jovens ou adultos com deficiência. O local também seria utilizado para integração e socialização, com realização de eventos, no sistema como funciona da creche do idoso.
Ainda relacionado às pessoas com deficiência, Caio diz que buscará, caso eleito, criar cursos profissionalizantes em convênio com empresas e maior número de profissionais de apoio, capacitados nas escolas. Como também sempre frequentou a Delegacia de Defesa da Mulher e vivenciou as consequências da violência intrafamiliar, ele também possui propostas ligadas à defesa das vítimas de violência familiar.
“Outro projeto que tenho é com relação ao combate da violência à mulher. Pretendo que o CRAM (Centro de referência de Atendimento à Mulher) seja descentralizado, com núcleos territoriais para facilitar o atendimento; e que as mulheres vítimas de violência tenham prioridade na rede de atendimento municipal, saúde, educação e até mesmo convênio com empresas para vagas de emprego, pois muitas não quebram o vínculo por falta de condições de sustento dos filhos. Pretendo também legislar no sentido de que o autor possa ser incluído na rede de atendimento, pois não adianta acolher a mulher, mas não tratar o agressor”, destacou.
Por fim, Caio afirma que tem muita disposição para aprender e quer servir à população de Votuporanga. “Se for eleito, estarei a serviço da população para reivindicar melhorias na cidade. Se não for eleito, ganhei experiência e dei visibilidade à inclusão social”, concluiu.