Vítimas tinham 65 e 80 anos. Primeira morte confirmada foi de homem de 62 anos que tinha quadro de diabetes, hipertensão e hiperplasia prostática
Passageira usa máscara em metrô de São Paulo (Foto: Amanda Perobelli/Reuters)
O estado de São Paulo registrou mais duas mortes pelo novo coronavírus, segundo informação do coordenador do centro de contingência contra a doença no estado, o médico David Uip, ao Jornal Hoje, da TV Globo. A informação foi confirmada na tarde desta quarta-feira (18) pela Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo.
De acordo com o hospital em que as mortes foram registradas, as vítimas são uma pessoa de 65 anos com problemas de saúde anteriores e outra de 80 anos sem comorbidades.
Com a confirmação das duas novas vítimas, o estado de São Paulo tem agora as três mortes do País em virtude do novo coronavírus. O primeiro caso no Brasil de morte de pessoa infectada pelo novo vírus (Sars-Cov-2) foi confirmado nesta terça-feira (17) na capital paulista.
Primeiro caso
O estado de São Paulo registrou o primeiro caso no Brasil de morte pelo novo coronavírus nesta terça-feira (17). A primeira vítima é um homem de 62 anos que estava internado no Hospital Sancta Maggiore, da Rede Prevent Senior, no Paraíso, na capital paulista.
A vítima morava na cidade de São Paulo e tinha histórico de diabetes e hipertensão, além de hiperplasia prostática — um aumento benigno da próstata que não é uma doença, mas uma condição comum em homens mais velhos e que pode causar infecções urinárias.
Segundo o infectologista David Uip, a vítima teve os primeiros sintomas da doença no dia 10 de março, sendo internada quatro dias depois, dia 14, e falecendo às 16h03 desta segunda-feira (16).
“Infelizmente o ocorrido foi o primeiro óbito aqui. Um homem morador de São Paulo internado num hospital privado e o diagnóstico de coronavírus foi feito também por um laboratório privado. Ele veio a óbito ontem 16h03 e não tem histórico. Fomos informados oficialmente hoje às 10h. Existem quatro outros óbitos neste mesmo serviço particular que estão sendo investigados. Assim que tivermos informações sendo ou não coronavírus vamos informá-los”, afirmou David Uip.
O secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, informou que o homem não tinha histórico de viagens ao exterior e está sendo tratado como caso de transmissão comunitária do vírus.
"Temos que repensar cada vez mais as medidas de prevenção, principalmente por se tratar de um óbito comunitário", declarou o secretário.
Até a manhã desta quarta-feira (18) o Brasil registrava 372 casos da doença causada pelo coronavírus, segundo os números confirmados pelas secretarias de Saúde dos estados. Os casos foram registrados em 19 estados e no Distrito Federal. O último boletim do Ministério da Saúde desta terça-feira (17) confirmava 291 casos.
A Secretária Estadual de Saúde afirma que 164 casos da doença em São Paulo já foram confirmados até esta terça-feira (17). Pelo menos 156 pacientes infectados pelo Covid-19 estão na capital paulista e os demais em oito municípios da Grande São Paulo.
De acordo com estimativa do secretário estadual de Saúde paulista, José Henrique Germann, 20% dos pacientes registrados com coronavírus em SP estão em estado grave na UTI.
Revisão de protocolos
Para o infectologista David Uip, a morte do primeiro paciente está levando as autoridades paulistas a rever os entendimentos sobre os períodos de evolução da doença nos pacientes graves.
“Foi uma evolução rápida, da internação ao óbito. O caso desse [primeiro] paciente está fazendo a gente entender como se comporta a doença. Nós imaginávamos que o período de encubação da doença era de até 14 dias, mas a média está sendo de 6 a 8 dias até a doença se manifestar. Vamos inclusive sugerir ao Ministério da Saúde que diminua o tempo de quarentena de até 14 dias para dez”, disse Uip.
Sepultamentos
Na entrevista coletiva também foi esclarecido como será o trabalho dos agentes funerários durante o sepultamento de vítimas do coronavírus em São Paulo. No caso dos velórios, a orientação, segundo o secretário da Saúde, é de fechar o caixão para evitar o contato das pessoas. Caberá ao serviço de verificação de óbito liberar os corpos e já existe um protocolo específico para isso, segundo Paulo Menezes, coordenador do comitê de operações emergenciais (COE) da Secretaria Estadual de Saúde.
“A orientação é colocar o corpo num saco plástico, fechar e limpar externamente o saco com álcool, que é uma substância muito eficiente contra o coronavírus”, declarou Menezes.
Com o aumento do número de mortes ao redor do mundo, vários países já estabeleceram protocolos de segurança com relação aos mortos. A China proibiu funerais, assim como a Itália. A Espanha recomenda velórios sem aglomeração de pessoas, assim como o Ministério da Saúde do Brasil.
“Este óbito, infelizmente outros virão, não devem criar pânico na população. Essa é uma circunstância de quem lida com doente grave e muitas vezes a gripe se torna uma doença grave, a semelhança com a influenza. Nos EUA tem uma média de 30 mil óbitos por influenza por ano. Esperamos que não tenha mais nenhum óbito em São Paulo, mas a contingência de lidar com doentes graves implica em ter perdas, então isso não muda nada no estado a forma de entender a epidemia. E não deve chegar a população como algo inesperado e criar uma situação de pânico porque não é assim”, afirmou o infectologista Davi Uip.
Doações de sangue
Ao informar sobre a primeira morte de paciente como coronavírus, o governo do estado de São Paulo fez um alerta e um pedido à população da cidade de São Paulo para que façam doações de sangue pois, segundo o coordenador de Centro de Contingenciamento para o Coronavírus em São Paulo, o médico David Uip, os bancos da capital estão "praticamente vazios".
"Eu preciso dar um informe, que preciso de muito apoio de vocês: os nossos bancos de sangue estão praticamente sem sangue. O banco de sangue que tem mais sangue, tem sangue hoje para praticamente uma uma semana", declarou.
O governo de São Paulo avalia que o surto de coronavírus deve durar "de quatro a cinco meses". No entanto, as medidas restritivas adotadas pela administração estadual, como a suspensão das aulas e a restrição de eventos (leia mais abaixo), não devem ser aplicadas durante todo este período.
*G1