“Esta é uma guerra. É o pior momento da história do país desde a Segunda Guerra Mundial”, destacou João Doria
O governador de São Paulo, João Doria, decretou estado de calamidade pública. (Foto: Valter Campanato / Agência Brasil)
O governador do estado de São Paulo, João Doria, e o prefeito da capital, Bruno Covas, irão decretar calamidade pública para o estado e para a cidade de São Paulo. Com esse decreto, eles explicaram que ficará mais fácil tomar ações, eliminando as burocracias.
Os dois decretos serão publicados hoje em Diário Oficial. “O objetivo dessa medida não é para gerar pânico ou pavor, mas gerar facilidade de ações do governo e dos 645 municípios do estado de São Paulo. O decreto já foi assinado e vai ser publicado amanhã [hoje]”, disse o governador. “O decreto simplifica o processo de compras e de contratações de serviços essenciais, tirando qualquer burocracia, e protege gestores públicos dessas medidas dando mais agilidade ao governo neste momento”, acrescentou.
“O Diário Oficial de amanhã terá o decreto, assinado por mim, do reconhecimento de calamidade pública na cidade de São Paulo. Isso permite ao governo municipal uma série de agilidades para tomar decisões e efetivar as decisões tomadas pelo secretariado, que tem se reunido diariamente”, acrescentou o prefeito de São Paulo.
“Esta é uma guerra. É o pior momento da história do país desde a Segunda Guerra Mundial. O epicentro é São Paulo, mas ela atinge todo o país”, destacou Doria. “Todo dia é dia de agonia e de dificuldades, mas também de enfrentamento e decisões”, acrescentou o governador, que vem fazendo coletivas à imprensa diariamente. Segundo ele, nenhuma medida será tomada de forma precipitada, mas amparada em informações da área de Saúde e de Segurança Pública.
Doria falou que, na próxima segunda-feira (23), governadores de sete estados brasileiros vão se reunir, por teleconferência, para discutir novas ações relacionadas ao coronavírus.
Abastecimento
Doria negou que vá ocorrer desabastecimento no estado de São Paulo. “Estamos seguros de que não haverá desabastecimento”, disse, lembrando que foi montado um comitê executivo com fornecedores de insumos da área de alimentos, produtos de higiene, de limpeza, além de representantes do agronegócio, para discutir a questão de abastecimento. “Não há necessidade de corrida a farmácias e supermercados. Não há perspectiva de desabastecimento. Comprem apenas aquilo que é necessário dentro do seu padrão e bom senso”, explicou o governador.
Leitos e testes
O governo de São Paulo informou que pode ainda disponibilizar outros leitos de hospitais que já estão prontos como os da cidade de Bauru, Caraguatatuba e de São Bernardo do Campo que precisariam de equipamentos e de recursos humanos.
Segundo o secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann Ferreira, há hoje 286 casos confirmados de coronavírus no estado paulista, com cinco óbitos confirmados, além de 7.869 casos suspeitos. Do total de casos confirmados, 24 pacientes estão internados em UTI, todos em hospitais privados.
Germann disse ainda que o estado vai ampliar a capacidade para fazer a testagem de coronavírus. A partir de segunda-feira, o Instituto Butantan poderá fazer até mil testes por dia, além do Instituto Adolfo Lutz, duas unidades públicas.
A intenção, disse o infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, é que o Instituto Butantan comece a fazer mais 2 mil testes por dia.
Uip disse ainda que há uma previsão inicial de que o pico de coronavírus no estado possa ocorrer entre abril e maio. “Provavelmente mais para o final de abril. Isso é uma previsão. Mas estamos tentando retardar e abaixar essa curva. Fazemos isso por meio dessa política de restrição de caminhos de pessoas”, destacou o especialista.
“A ideia da restrição [de pessoas nas ruas] é diminuir o número de infectados e, em segundo lugar, achatar a curva. Acredito que isso vai ser conseguido. Temos hoje uma restrição de idas e vindas de aproximadamente 60%, conforme informações da Vigilância Sanitária. E isso é muito importante. Conseguir retardar o pico não sobrecarrega o sistema de saúde”, completou o infectologista.