Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública afirmou que nunca utilizou a nomeação como moeda de troca
Presidente Jair Bolsonaro durante declaração à imprensa -(Foto: Isac Nóbrega/PR)
O presidente Jair Bolsonaro contestou Sérgio Moro após o ex-juiz da Lava Jato e agora ex-ministro da Justiça e Segurança Pública anunciar sua demissão acusando o chefe do Planalto de interferência na Polícia Federal. "Oras bolas, se eu posso trocar um ministro por que não posso trocar o diretor da Polícia Federal?", questionou Bolsonaro em discurso no Palácio do Planalto.
Bolsonaro exonerou o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, do cargo, levando Moro a pedir a demissão. O chefe do Executivo federal se queixou de, na avaliação dele, a Polícia Federal dar mais atenção ao assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL) do que ao atentado contra ele na campanha presidencial
"Será que é interferir na polícia federal exigir, quase que implorar o Sérgio Moro para que apure quem mandou matar Jair Bolsonaro? A Polícia Federal de Sérgio Moro mais se preocupou com Marielle do que com seu chefe supremo. Cobrei muito eles aí. Não interferi." Autonomia, de acordo com Bolsonaro, não é "soberania".
Indicação ao STF
O presidente Jair Bolsonaro declarou que Sérgio Moro, então ministro da Justiça e Segurança Pública, condicionou à exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, a uma indicação para o Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro.
Valeixo foi exonerado nesta sexta-feira, 24, levando Moro a pedir demissão e acusar Bolsonaro de tentar interferir politicamente no comando da Polícia Federal para obter acesso a informações sigilosas e relatórios de inteligência. Moro era um dos cotados para vaga no STF, indicação que cabe ao presidente da República.
"Me desculpa, mas não é por aí", declarou Bolsonaro no Palácio do Planalto ao relatar o suposto pedido de Moro para exonerar Valeixo só em novembro depois de indicá-lo para o STF. "Reconheço as suas qualidades em chegando lá, se um dia chegar, pode fazer um bom trabalho, mas eu não troco. E, outra coisa, é desmoralizante para um presidente ouvir isso."
Bolsonaro negou que tenha pedido para Moro blindá-lo na Polícia Federal ou proteger alguém da sua família, mas deixou claro que apelou para o chefe da pasta agir no órgão para investigar alguns casos, como o atentado da facada na campanha eleitoral e o porteiro que citou o presidente no assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco.
*Diário da Região