Hoje é comemorado o Dia do Comerciário e presidente do Sindicato aponta lutas diárias enfrentadas pela categoria
Leidiane Sabino
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Em 30 outubro é comemorado o Dia dos Comerciários e, para falar sobre a data e a categoria, a presidente do sindicato que representa a classe, Lia Marques, esteve na Rádio Cidade. Além de comentar os desafios da profissão, ela falou ainda da abertura dos estabelecimentos comerciais em horário especial no final de ano. Para Lia, não adianta abrir em dias que não há vendas, é preciso saber aproveitar a data.
“Temos que aproveitar a época que vende. Não adianta você querer abrir o comércio cedo demais que não vai resolver nada. O comerciante vai aumentar a sua folha de pagamento e cansar o funcionário. Não podemos abrir por abrir, tem que atender na época que vai vender. Na hora que o consumidor vai comprar, você tem que estar bem para atender a ele. Eu sempre tive esse pensamento de que o comércio tem que abrir menos, não duas, três semanas. As cidades estão ficando conscientes de que deixar a porta aberta por muito tempo à noite gera custo”, disse.
A tesoureira do sindicato, Aurora Sanches Singolani, também comentou o assunto. “Quando, antigamente, abriam à noite bem antecipado, a gente ficava com a loja funcionando e não atendia ninguém. Sempre, nas duas últimas semanas, perto do Natal, começava o movimento, e a gente já estava cansado. É claro que a gente fazia de tudo para aproveitar. A gente tinha que, mesmo cansada, tentar produzir 100%”, falou.
A luta do comerciário
A presidente do Sincomer-ciários trabalhou em uma rede de lojas por 15 anos. “Sei que vender é uma arte. Comerciário tinha que ser muito valorizado, porque temos que deixar os nossos problemas em casa e atender ao cliente com sorriso, porque há meta a cumprir e a ambição de ganhar a comissão, então é preciso trabalhar. Hoje, essa é a categoria que mais trabalha. Eu estava conversando com o presidente do sindicato dos bancários e analisei, eles têm jornada de 6 horas, salário bem mais vantajoso e um bom ticket refeição. Já o comerciário está sempre brigando por condição melhor de vida e respeito aos horários”.
Lia destacou que há uma briga direta para não ultrapassar jornada de trabalho no comércio. “Sabemos o quanto é cansativo ficar em pé nas lojas. Sou comerciária e sei onde aperta mais”.
Na entrevista, Lia contou que quando tinha 23 anos de idade, no dia 30 de outubro, ficou muito triste quando ninguém que passou pela loja lembrou-se da data em comemoração ao Dia do Comerciário.
“A partir do momento que nós assumimos o sindicato, começamos a analisar o que fazer para que as pessoas se lembrassem da data. Fizemos um churrasco no Assary, este é o terceiro ano da festa. A federação doou uma moto e teve televisores para sorteio. Temos que lembrar esse dia com alegria”, falou.
Os desafios ainda são muitos, segundo a presidente do sindicato. “Em setembro tivemos data-base, estamos em época de dissídio coletivo, toda vez de negociar, não querem oferecer reajustes, mas para trabalhar são os primeiros a pedir que o funcionário fique por 10 horas, 11 horas. Prezo pela qualidade de vida dos comerciários e respeito pela nossa categoria. Sem o trabalhador estimulado, a loja não é nada. É preciso respeitar o comerciário, ver ele como um ganho real da empresa”.
Nesta época de negociação coletiva, Lia disse que estão em andamento acordos individuais para atingir, ao mínimo, a inflação de 9,88%. “Fechamos com os mercados a 10% e negociamos com as empresas também. No ano passado não teve inflação e fechamos a 8,5%”.
Conquistas
Lia disse ainda que hoje será inaugurado o Centro de Lazer, na cidade de Avaré, com a presença do apresentador Ratinho e o governador Geraldo Alckmin. Na oportunidade, será lançado o cartão máster para o comerciário.
“Nós temos o que mostrar, temos um sindicato atuante, uma diretoria forte, oferecemos a cesta de Natal, material escolar, já montamos mais de 700 kits. No começo do ano, o material escolar fica muito caro. A mãe leva a lista no sindicato e compramos o que é solicitado nela. Temos ainda uma bela locadora, dentista e fisioterapeuta. Nos preocupamos muito com a qualidade de vida do trabalhador. Não adianta sobrecarregar que o comerciário não vai produzir, só vai perder”.
Comerciários na região
O Sincomerciários de Votu-poranga atende também trabalhadores de cidades da região, como Cardoso, Nhandeara e Álvares Florence, no total, são cerca de 6.800 comerciários, mais de 80% de Votuporanga. Aqui, da cidade, são 5.450 filiados ao sindicato.