Dois grandes protestos, um contra o possível corte de recursos do “Sistema S” pelo Governo Federal, outro criticava escolas estaduais
Jociano Garofolo
garofolo@acidadevotuporanga.com.br
A 35ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal, na noite de ontem, contou com a presença de um grande público insatisfeito no Plenário Doutor Octávio Viscardi. Manifestantes, com reivindicações diferentes, pediram o apoio dos vereadores para ações que afetam diretamente as escolas de Votuporanga. Funcionários e alunos do “Sistema S”, que inclui o Senai, Sesi, etc. se posicionaram contra possível corte de 30% do Governo Federal. Se uniram às fileiras alunos da rede estadual de ensino, contrários à reestruturação proposta que vai reorganizar em ciclos as escolas e mudar de endereço os estudantes.
Já no início da sessão, teve direito de fala na tribuna Laercio Douglas Rodrigo, diretor do Centro de Atividades do Sesi. Ele explicou o temor de funcionários e alunos sobre uma possível redução, em torno de 30%, de repasses importantes do Governo da presidente Dilma Rousseff para manutenção de todo o sistema. Segundo ele, o recurso é fundamental para que haja um ensino de qualidade, não apenas para filhos de funcionários de indústria, mas também para a população em geral que se beneficia e estuda em unidades do Sistema S. “Seria o mesmo que tirar o direito de funcionar das escolas, que resultaria em demissões de funcionários”.
A reivindicação ganhou apoio dos vereadores, que repudiaram a situação. “Estão jogando a educação precipício abaixo. Vamos fazer de tudo para não permitir essa redução”, disse Douglas Lisboa. Por sua vez, André Figueiredo propôs uma comitiva até Brasília, se necessário, para combater a situação. Ao fazer uso da palavra novamente, o diretor do Sesi, agradeceu o apoio dos legisladores.
Educação
Enquanto a situação do sistema S era discutida, manifestantes de outra causa invadiram a sessão. Com cartazes, faixas, e aos gritos de “governo, sai fora, é hora da escola”, estudantes de várias escolas da rede estadual de ensino cobraram apoio para impedir a reestruturação por ciclos das unidades escolares, que, segundo eles, mandaria alunos para locais distantes de suas casas, e resultaria na demissão de professores.
O presidente da Câmara, Sérgio Adriano Pereira, chegou a interromper e sessão mais de uma vez, devido aos manifestos do público adolescente. A professora Sheila Maria, que dá aulas na rede estadual, usou a tribuna e foi a porta-voz dos manifestantes. Ela disse que alunos e profissionais da educação estão informados com a evidente reestruturação. “Essa reorganização não vai trazer qualidade para o ensino. Vários alunos terão que sair da escola onde estão para estudar num local distante. Sem contar os professores que ficarão sem aulas. Estamos aqui pedindo apoio da Casa de Leis para que interceda por nós”. A professora alegou que, em momento algum, pais e alunos, principais interessados na mudança, foram consultados sobre a situação. “Tivemos que engolir. A comunidade tinha que ser ouvida”, disse Shirlei. Ainda de acordo com a professora, a reestruturação deixará a escola Enny Tereza Longo Fracaro com ensino médio, Cicero Barbosa Lima Junior com o fundamental, Maria Nivea Costa Pinto Freitas com dois ciclos, e Manoel Lobo com ensino médio.
A reivindicação teve grande apoio dos vereadores. Osvaldo Carvalho lembrou a reunião na última sexta-feira (2), que contou com a presença do dirigente regional de ensino, José Aparecido Duran Neto e diretores das escolas estaduais da cidade na Câmara Municipal. Na ocasião, entre os assuntos, foi tratada a melhor maneira para que, caso as mudanças realmente se concretizem, não prejudiquem os alunos. Entretanto, Carvalho subiu o tom sobre a informação de que professores teriam sido proibidos de participar da reunião. “A Câmara é aberta a todos, é a casa do povo. Isso é inadmissível”, afirmou o vereador.