Investigação apontou que grupo participava de rede de pedofilia em Birigui (SP). Advogados afirmaram que vão recorrer da decisão.
Por meio de escutas telefônicas,foram identificados e presos cinco suspeitos — Foto: Reprodução / TV TEM
Oito homens acusados de participar de uma rede de pedofilia em Birigui (SP) foram condenados a mais de 150 anos em penas somadas. De acordo com o Ministério Público, o grupo atuou durante os anos de 2009 e 2014 e abusou de mais de dez adolescentes.
De acordo com o processo, os homens aliciavam menores, com idades entre 10 e 17 anos, para festas realizadas em chácaras e casas em troca de programas.O contato com as vítimas, todas moradoras da região de Araçatuba (SP), era feito através de redes sociais.
Cada convidado tinha que levar pelo menos três adolescentes como "ingresso" para participar das festas. Em um dos encontros, os réus chegaram a gravar imagens com os meninos.
Todos os acusados foram denunciados pelos crimes de estupro de vulnerável, indução à prostituição infantil, pornografia infantil e associação criminosa.
Penas
Ainda de acordo com o MP, José Antônio Balbo Júnior foi condenado a 66 anos de prisão. A maior pena recebida entre os integrantes do grupo.
Santo Crevelaro Neto foi condenado a 28 anos e 10 meses, Emerson Martin a 12 anos e 5 meses e Valdir Bernardo a 15 anos e 6 meses. Todos os quatro estão presos e permanecem cumprindo pena em presídios da região.
Danilo Aparecido Camara terá de cumprir pena de 37 anos e 4 meses e Elkis Henrique Soares da silva de 5 anos e nove meses.
Já Wender Santiago Guedes de Araújo e Wagner Herrera terão de cumprir um ano e 4 meses de prisão. Eles poderão recorrer em liberdade.
A TV TEM entrou em contato com os advogados dos réus que informaram que vão recorrer da decisão da Justiça, que é de 13 de junho.
Os advogados de Wagner Herrera, Danilo Aparecido Camara e Wander Santiago Guedes Araujo não foram encontrados.
Investigação
Durante a investigação, que durou mais de um ano, um menino assediado contou que tudo era feito em troca de presentes.
Os réus ofereciam dinheiro, boné, óculos e celular. Além disso, ele afirmou que os homens o levavam a um motel de Buritama (SP).
A mãe do menor disse que um dos acusados se aproximou da família e fez amizades com os amigos do filho.
Ela só descobriu o abuso através do alerta de uma amiga que desconfiou do comportamento do homem, que começou a dar presentes caros para o adolescente.
Depois de questionar o menino e ficar sabendo do que estava acontecendo, a mãe procurou a promotoria.
A equipe de reportagem da TV TEM teve acesso a uma conversa entre dois dos suspeitos. Por telefone, eles falavam sobre os adolescentes e trocavam informações sobre novas possíveis vítimas.
Segundo o Ministério Público, a conversa foi entre o aposentado Santo Crevelaro Neto e José Antônio Baldo Júnior, de 30 anos. Veja abaixo:
Santo: - Localizou no Face [Facebook]?
José Antônio: - Ainda não, eu tô entrando agora lá agora pra ver.
Santo: - Ah, tá. (Risos) Muito bom, né?
José Antônio: - Você tem ele?
Santo: - Não, eu pedi para adicionar, não retornou. Muito bom, né?
José Antônio: - Ótimo, né? A foto é de enlouquecer, viu?
Em outra gravação, o aposentado conversa com um homem para combinar uma festa com a presença de menores de idade.
Suspeito: Vou por gasolina para ir buscar os meninos. Marquei com o..., liguei pra ele.
Aposentado: Hã.
Suspeito: Aí falei pra ele escolher uns bem bonitinhos.
Aposentado: Essa chácara onde é?
Suspeito: É ali perto do Colinas ali, aquela..
Aposentado: Eu sei, eu sei.
Suspeito: É por ali, Aí eu te explico depois
Um adolescente, que também foi vítima dos pedófilos,disse que um dos condenados trabalhava com o avô dele em um sítio e foi lá que os abusos começaram.
A situação continuou por cerca de um ano até que a mãe do menor começou a notar um comportamento mais agressivo no filho.
Fonte. G1