Projeto tem como objetivo o monitoramento e a conservação da avifauna regional, o engajamento da comunidade local e a pesquisa
Levantamento realizado na área de entorno da usina detectou a diminuição da ave mutum-de-penacho, espécie ameaçada de extinção (Foto: Reprodução/jornal Cidadão)
Para promover a conservação do meio ambiente e da biodiversidade, a Pretaterra, iniciativa brasileira que se dedica à disseminação de sistemas agroflorestais regenerativos pelo mundo, participa do desenvolvimento do Projeto Mutum-de-penacho, que está sendo realizado na porção paulista da área de influência do reservatório da Usina Hidrelétrica Água Vermelha, localizada no noroeste do estado, região de Votuporanga, em parceria com a Save Brasil (Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil), organização da sociedade civil de interesse público, e com a AES Brasil, responsável pela usina.
O projeto tem como objetivo o monitoramento e a conservação da avifauna regional, o engajamento da comunidade local e a pesquisa. Um levantamento realizado na área de entorno da usina detectou a diminuição da população da ave mutum-de-penacho (
Crax fasciolata), uma espécie ameaçada de extinção, e também de outras espécies da mesma família, causados por significativos impactos negativos ao ecossistema, como perda de habitat natural, fragmentação, incêndios acidentais e caça.
A partir de análises florísticas, fitossociológicas e ecológicas, realizadas em 25 remanescentes florestais da região, a Pretaterra irá elaborar um documento com os resultados apurados e indicações de áreas prioritárias para a conservação. “Na primeira fase do projeto, fizemos um extenso estudo sobre a vegetação da região, estabelecendo uma lista de espécies arbóreas de ocorrência regional e um levantamento histórico sobre o uso do solo e o desmatamento na região para determinar a condição atual dos fragmentos da área de estudo quanto ao seu estágio de regeneração e conservação”, explica o engenheiro florestal e um dos fundadores, Valter Ziantoni.
O conhecimento das espécies vegetais de uma região é a base para estudos científicos, manejo ambiental e administração de recursos, podendo ser acessados de maneira qualitativa e quantitativa.
“O levantamento florístico tem como objetivo inventariar e identificar as famílias e espécies botânicas que ocorrem na região estudada. Adicionalmente, a investigação fitossociológica fornece dados estatísticos para a compreensão da dinâmica das espécies na comunidade vegetal de interesse”, esclarece a doutora em botânica e responsável técnica pelo Projeto, Mariana Saka.
No Projeto Mutum-de-penacho, esses levantamentos foram realizados por meio da medição e identificação de indivíduos em campo, a fim de obter indicadores ecológicos que permitam classificar o estágio de conservação de cada fragmento e, com isso, recomendar estratégias para o manejo desses habitats.
“Com os dados levantados em campo, estamos trabalhando no Plano de Manejo da Paisagem e Fragmentos Florestais que vai apontar as principais ações estratégicas para a restauração da paisagem, a partir do panorama dos remanescentes florestais e das áreas de restauração selecionadas, indicando áreas prioritárias para reflorestamento e conectividade de fragmentos, inclusive por meio de sistemas agroflorestais, tornando o ecossistema mais biodiverso, atrativo e propício para a fauna silvestre, principalmente o mutum-de-penacho”, complementa a engenheira florestal e também fundadora da Pretaterra, Paula Costa.
A Pretaterra é uma iniciativa que se dedica à disseminação de sistemas agroflorestais regenerativos, desenvolvendo designs replicáveis e elásticos, combinando dados científicos, informações empíricas e conhecimentos tradicionais com inovações tecnológicas, construindo um novo paradigma produtivo que seja sustentável, resiliente e duradouro.
*Com informações do jornal Cidadão