Diplomas falsos apreendidos pela Polícia (Foto: Divulgação/Polícia Civil)
A Polícia Civil investiga 19 pessoas suspeitas de integrarem uma quadrilha especializada em vender diplomas falsos na região de Rio Preto. O primeiro levantamento totaliza 350 certificados fajutos comercializados cada um por preços de R$ 3 mil a R$ 4 mil. Foram cumpridos nesta quarta-feira (20), mandados de busca e apreensão em Catanduva, Catiguá, São Paulo, São José dos Campos e Osasco, durante a Operação Romeo II.
O esquema de fraude era praticado por duas instituições de ensino a distância de Osasco e de São Paulo, segundo a polícia. Uma delas tinha filiais em cidades da região, onde eram oferecidos os diplomas falsificados mediante pagamento.
Segundo o delegado seccional de Novo Horizonte, Eder Galavotti, coordenador da operação, o esquema começou a ser investigado em 2020, após uma denúncia da Prefeitura de Paraíso. A suspeita foi levantada pelo setor de recursos humanos do município sobre alguns servidores públicos, principalmente professores, que tinham apresentado diploma de pós graduação para conseguir bonificação no salário.
“A partir deste momento, foi iniciada uma investigação pela delegacia de Paraíso que descobriu que os diplomas apresentados por alguns eram falsos, de acordo com checagem das próprias instituições de ensino. Uma delas, inclusive, estava fechada há dois anos, portanto sem aulas”, explica o delegado de Paraíso, Marcelo Dispori.
A polícia apurou que os servidores suspeitos tinham se matriculado em cursos de ensino a distância (EAD) de pós-graduação lato sensu, segunda licenciatura ou bacharelado em uma instituição com sede em Osasco, mas que tinha filial em Catanduva. “Pelo que apuramos, depois de entrar no curso, a pessoa recebia a proposta de formação imediata, desde que pagasse uma quantia, em média R$ 4 mil. Eles falsificavam até histórico de frequência em aulas presenciais, sendo que a pessoa não tinha condições de trabalhar em Paraíso e estar no mesmo dia na sala de uma faculdade no interior de Santa Catarina”, diz Galavotti.
Em um dos casos, um dos compradores de diploma falso conseguiu até registro no Conselho Regional de Educação Física, sem sequer ter frequentado as aulas, comenta o delegado seccional.
Os principais articuladores da organização criminosa foram identificados e responderão por inúmeros delitos, como organização criminosa, lavagem de dinheiro, falsificações documentais e ideológicas e estelionato. Nenhum deles foi preso imediatamente porque não foram flagrados na prática do crime.
Os documentos apreendidos nas sedes das instituições de ensino passarão por exame pericial no Instituto de Criminalística. Os laudos devem ser concluídos em 30 dias.
“A organização criminosa contava com apoio de diversas células distribuídas em várias cidades e estados. A rede criminosa desmantelada criou, ainda, falsa plataforma on-line de renomada Universidade para a emissão de diplomas falsos”, informou a polícia em nota.
Há possibilidade de a quantidade de diplomas falsos aumentar, após análise dos documentos apreendidos. “Vamos enviar uma lista de alunos destas instituições investigadas para o Ministério da Educação para que seja descoberto quantas pessoas de fato usaram documentos falsificados”, diz o delegado.
Investigação contra quem comprou
A operação Romeo II faz referência à Resolução 2, do Conselho Nacional de Educação, que definiu os programas “especiais de formação pedagógica”, inclusive a de segunda licenciatura. Ela foi deflagrada em razão de denúncias acerca do uso de falsos certificados especialmente para evoluções salariais de cargos públicos, para provimentos em cargos e empregos públicos, para inscrições em Conselhos de Classe do Brasil e para muitos outros fins.
O delegado Marcelo Dispori, de Paraíso, afirma que a Polícia Civil também vai investigar todas as pessoas que compraram diplomas falsos, e elas vão responder pelo crime de falsidade ideológica. Dependendo do caso, podem também ser denunciadas por exercício ilegal da profissão.
O esquema
- Escola integrante do esquema atrai alunos com anúncio na internet e panfletagem
para cursos regulares;
- Dentro da escola, é oferecida a chance de acelerar o processo;
- Aluno paga até R$ 4 mil, dependendo do tipo de curso;
- Estudante entrega cópia de documentos pessoais;
- O criminoso escolhe uma instituição de ensino já fechada ou distante e copia modelo do diploma;
- Falsificador escaneia os documentos pessoais e cria um falso histórico escolar para todo tempo de; duração do curso de graduação, especialização ou pós;
-Aluno recebe o diploma e o utiliza para entrar em faculdade, em concursos e processos seletivos ou para receber bônus no emprego.
*Com informações do Diário da Região