Presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado da região afirma que governo não irá instalar outra praça de cobrança na Washington Luís e dispara críticas contra Geraldo Alckmin
O plano desenhado atualmente prevê ainda pedágio em outro trecho da Washington Luís, na altura da cidade de Araraquara (Foto: Governo do Estado de São Paulo)
Diante do desgaste político acumulado desde que o novo lote de concessões de rodovias estaduais foi anunciado pelo governo de João Doria (PSDB), o Estado decidiu frear o programa que prevê a instalação de 10 novas praças de pedágio, das quais sete na região de Rio Preto.
A afirmação foi feita pelo presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Carlão Pignatari (PSDB), em entrevista ao Diário na tarde desta terça-feira,3. O deputado estadual, que tem base eleitoral na região, afirmou que não haverá novo pedágio na rodovia Washington Luís, altura do município de Cedral. O plano de concessão foi anunciado em outubro e provocou grande rejeição entre políticos e também por parte da população.
O tucano garante, no entanto que, mesmo sem nova praça de cobrança, a construção de terceira faixa entre Cedral e Mirassol, passando por Rio Preto, será mantida no novo modelo de concessão que começará a ser estudado, seja por meio da renovação do atual contrato com a Triângulo do Sol ou nova licitação.
O plano desenhado atualmente prevê ainda pedágio em outro trecho da Washington Luís, na altura da cidade de Araraquara. Além disso, há previsão de praças em Guapiaçu, no entorno de Barretos e também em José Bonifácio. Em nota, a assessoria de Doria informou que “a área técnica do governo do Estado analisa o melhor modelo”.
Radicalização
O deputado, que defende a candidatura de João Doria para presidente, disse também que radicalização prejudica os políticos e a população. E afirmou que o atual vice-governador, Rodrigo Garcia, candidato do PSDB ao Palácio dos Bandeirantes será eleito em outubro. Rodrigo ainda patina nas pesquisas de intenção de votos. Leia principais trecho da entrevista em tópicos
Mais pedágios
Pignatari estava como governador interino quando o programa de novas concessões, e previsão de mais pedágios, foi anunciado. E sentiu na pele o impacto junto a prefeitos e vereadores nos municípios mais afetados. “Não vai ter o lote, a nova concessão, na Washington Luís. Esta é a decisão do governador. Está abortado. Ocorreram erros gravíssimos. Não vai se fazer mais duplicação se não colocar pedágio. Mas, não faz sentido colocar pedágio onde já está duplicado. Esse investimento já foi feito. É um modelo que não funciona. A população não vai aceitar. Ou vai renovar ou fazer nova concessão. E vai ter de fazer novo estudo (de todo o lote de concessão).
Pandemia
Sobre a nova ofensiva de Covid-19 em função da variante Ômicron, ele deixa claro que não considera viável qualquer medida mais restritiva. “Acho que tem de esperar uns 15 dias ainda. Temos de ter um pouco de serenidade. Não dá mais para falar paras as pessoas ficarem em casa. Chega. Acho que vira uma guerra civil se alguém tentar isso agora. O governador já disse que esta responsabilidade é dos municípios. Cada prefeito que tome decisão que achar mais conveniente. O hábito brasileiro de vacinar-se trouxe uma tranquilidade para quem pegou agora uma doença mais leve.
Rejeição a Doria
“Acho que não é uma avaliação ao governo de São Paulo, que tem uma boa avaliação. A última pesquisa mostra que o governador João Doria teve 38% de ruim e péssimo. Acredito que é ainda um rescaldo da briga dele com o presidente (Jair Bolsonaro). Acho que 90% dos eleitores de Bolsonaro eram também eleitores azul, ou seja do PSDB. E acho que ele (Bolsonaro) não gostou quando o governador de São Paulo começou a confrontar algumas decisões do seu governo. Na minha opinião, não era necessário fazer isso, confrontar. Eleição presidencial, na minha opinião, vai se discutir em junho ou julho. Não agora”
Radicalização
“Acho que essa radicalização não é bom para ninguém. Eu vejo que o presidente Jair Bolsonaro tomou medidas equivocadas. Eu vi no Twitter ontem as pessoas dizendo: ’Espero que não volte (o presidente foi internado com obstrução intestinal)’. Isso é muito ruim. Quando fala da vida de uma pessoa, tem de respeitar. Atrás do presidente, tem um ser humano. Acho muito ruim, não gosto desse tipo de coisas. A radicalização na Assembleia, por exemplo, é impressionante. Eu votei no presidente Bolsonaro, acreditei no governo dele, e me decepcionei como muitos. A maior decepção foi o ministro Paulo Guedes. Ele não avançou nas privatizações. A questão da defesa da família, eu gosto. Mas, respeitando as minorias.”
Rodrigo Garcia
“Vai ganhar a eleição e é o próximo governador de São Paulo. Eu não conheço sujeito tão capacitado e que conheça tanto de gestão pública. Ele vai ser governador a partir de abril. Fizemos reformas em 2019 para investimentos em 2020, 21 e 22. Aí, começou a pandemia. Mas o Rodrigo Garcia tem muito a mostrar.
Alckmin com Lula
“Fez ótimos governos (Alkmin), mas só pensa nele próprio na política. Sempre foi assim. Se você olhar, tirando João Doria, que disputou duas prévias, para prefeito (de São Paulo) e governador, de 1998 para cá tivemos dois candidatos a eleições majoritárias em São Paulo: só o Serra e o Alckmin. Não tem ninguém? Eu vivi dois governos: o do Alckmin e o do João Doria. Hoje, o parlamentar participa do governo. É ouvido.Antes, não.
Investimentos
O governo tem previsão de investimentos de R$ 28 bilhões em 2022. “O que fizemos foi ajudar o governo a votar as matérias que permitiram superávit primário. Fizemos neste ano 26 audiências públicas no Estado. Foi incluído no Orçamento quase R$ 500 milhões em investimentos. Na área da Saúde, no HB (Hospital de Base) quase dobramos recursos para 2022. A Santa Casa de Rio Preto passou de R$ 4 milhões para quase R$ 16 milhões. Agora, o Estado liberou quase R$ 12 milhões para o HB. São investimentos para a instituição que, para mim, foi a grande salvadora de vidas nesta pandemia.
*Com informações do Diário da Região.