Regina Fornari Chueire é médica e diretora do Instituto de Reabilitação Lucy Montoro de São José do Rio Preto (SP)
Regina Fornari Chueire é médica e diretora do Instituto de Reabilitação Lucy Montoro — (Foto: Reprodução/Facebook)
A médica e diretora do Instituto de Reabilitação Lucy Montoro, Regina Fornari Chueire, alerta sobre os impactos físicos e mentais provocados em pacientes que conseguiram se curar do novo coronavírus.
De acordo com Regina, o Instituto Lucy Montoro está fazendo parte de um estudo com grandes hospitais brasileiros sobre a reabilitação do período pós Covid-19.
“O que nós estamos vendo, ao longo dessa pandemia, é que tanto faz os sobreviventes terem tido um Covid-19 leve, moderado ou grave. Todos acabam precisando de reabilitação. Uma reabilitação muito lenta e extremamente dolorosa. Não dolorosa pelo fato de dor, mas pelo impacto que traz pela vida das pessoas, independentemente da idade”, diz.
“Nossa mensagem é especialmente para você, jovem, que acha que é só uma gripezinha. Aqui temos pacientes da sua idade. Que estão em cadeiras de rodas, que gostariam de estar nas baladas, dançando, cantando, mas, infelizmente, mesmo com um quadro leve, apresentaram sequelas motoras muito importantes.”
A médica diz que que alguns pacientes sofrem alterações no paladar e passam a sentir gostos adocicados, enquanto outros começam a sentir somente cheiros desagradáveis.
“Isso traz uma perda da qualidade de vida. Esses jovens também gostariam de estar nos barzinhos. Eles se curaram da Covid-19, mas têm dificuldade para tomar cerveja, sorvete e ir em um churrasco. Eles têm essas dificuldades e precisam dos nossos fonoaudiólogos.”
A médica conta que os pacientes vivem em uma rotina no centro de reabilitação para melhorar o condicionamento, principalmente com a parte respiratória.
"O mais incapacitante de tudo é a dificuldade em respirar. Eles fazem fisioterapia respiratória, fazem condicionamento físico duas, três vezes por semana. Além disso, o déficit psicológico é muito importante. Eles têm esquecimento, dificuldade de cálculo e de lembrar as coisas do dia a dia”, complementou.
Regina também comenta que há relatos de pessoas sem nenhuma comorbidade que precisaram amputar membros por conta de complicações causadas pela doença.
“Mas pelos distúrbios circulatórios da síndrome, eles acabaram tendo uma perda de membros e estão em processo de reabilitação. Temos também pacientes com 35 anos que ficaram poucos dias internados, mas estão com necrose da cabeça do fêmur. Isso tem sido encontrado nos hospitais de São Paulo e aqui. Essas pessoas têm que usar muletas e cadeiras de rodas por um grande período.”
Por fim, a médica também pediu para os jovens manterem o isolamento social e tomarem cuidado, principalmente nessa época de festas de final de ano.
“Não pense que a vacina vai chegar e você vai ser um dos primeiros. Mesmo que a vacina chegue, e ela vai chegar, sua faixa etária será uma das últimas a receber a vacina. Portanto, neste momento das festas de final de ano, tenha muito cuidado. Se 2020 foi difícil, imagine 2021 com sequelas de Covid?”, finaliza.
Rio Preto registrava até a noite de segunda-feira (28) 33.904 casos de Covid-19, com 906 mortes. Já os números na região noroeste paulista são de 116.250 casos confirmados da doença e 2.838 mortes.
*Com informações de G1 São José do Rio Preto e Araçatuba