Maurício Nogueira Lacerda atua no Hospital de Base e também é professor de virologia da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp)
Maurício Lacerda Nogueira é médico do Hospital de Base e professor de virologia da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto — (Foto: Facebook/Reprodução)
O médico do Hospital de Base e professor de virologia da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) Maurício Lacerda Nogueira fez um alerta sobre a atual situação da pandemia de coronavírus no interior de São Paulo e pediu para as pessoas evitarem aglomerações durante as festas de fim de ano.
"As vacinas realmente estão chegando, mas não chegarão agora. Elas não são para janeiro. Essas vacinas vão começar a ser distribuídas no final de janeiro para populações específicas e só vão atingir a população como um todo a partir da metade do ano que vem. Nesse momento, é fundamental que tenhamos muita preocupação com os dias de festas."
De acordo com Maurício Nogueira, o momento é complicado e a pandemia provocada pelo novo coronavírus não está próxima de terminar.
"Na verdade, nós estamos iniciando esse processo que é a segunda onda. É um momento muito delicado e preocupante, e fundamental que tenhamos muita preocupação com os dias de festas. Estou com vontade de ver meus parentes. Vocês também querem ver seus parentes, mas não é o momento de nos aglomerarmos novamente."
Segundo o médico e professor de virologia, as enfermarias estão ficando lotadas novamente por conta do aumento significativo de casos positivos da doença.
"Vacina não é remédio. Vacina é um modo de prevenção. Ela não vai tratar ninguém. Ela vai prevenir que novas pessoas fiquem infectadas. Mas, como já disse, isso só vai ocorrer a partir da metade do ano que vem. Precisamos de um pouco mais de paciência de toda a comunidade para conseguirmos terminar esse ciclo."
Pesquisa
A Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto é um dos polos de pesquisa para a vacina contra a Covid-19 no Brasil. Em julho, a enfermeira Vanessa Maziero, de 30 anos, foi a primeira candidata a receber a Coronavac.
"Eu acho que estar aqui como voluntária para receber a vacina é minha contribuição não só como profissional da saúde, mas como ser humano. Se tudo der certo, como a gente espera que dê, todas as demais pessoas receberão a vacina, e é isso que a gente quer. É uma picada como outra qualquer. É totalmente suportável", disse Vanessa na época.
De acordo com Maurício Lacerda Nogueira, chefe do Laboratório de Virologia da Famerp, uma equipe formada por mais ou menos 15 profissionais está acompanhando os participantes e coletando informações dos voluntários da pesquisa.
Entre os recrutados, metade receberá duas doses do imunizante em um intervalo de 14 dias e a outra receberá duas doses de placebo, uma substância com as mesmas características, mas sem os vírus. Ou seja, sem efeito.
Os profissionais de saúde estão sendo monitorados pelos centros de pesquisa por meio de exames entre aqueles que tiverem sintomas compatíveis à Covid-19.
Assim, é possível verificar posteriormente se quem tomou a vacina ficou de fato protegido em comparação a quem recebeu o placebo.
Adiamento
Na última quarta-feira (23), o Governo de São Paulo anunciou que a CoronaVac é eficaz, mas adiou, novamente, a divulgação dos resultados da vacina desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.
Segundo o diretor do instituto, Dimas Covas, além de comprovar que a vacina contra Covid-19 é segura, o que já havia sido demonstrado nas fases anteriores, o estudo de fase três mostrou que ela é eficaz.