"Argo", vencedor de todos os prêmios que antecederam ao Oscar, tornou-se de fato o rival do favorito de primeira hora, "Lincoln"
O Oscar está completando 85 anos neste domingo (24), com transmissão ao vivo do tapete vermelho e cobertura minuto a minuto da premiação pelo UOL, mas, se você olhasse somente os cartazes, a decoração do tapete vermelho em frente ao teatro Dolby (ex-Kodak) e todas as informações oficiais da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas você jamais saberia disso.
Como uma estrela vaidosa que teme que sua idade possa colocá-la fora do jogo, o Oscar resolveu sumir com seu nome tradicional – Prêmios da Academia, antecedido pelo número – e substituí-lo pelo que todo mundo diz: os Oscars.
"Estamos fazendo um rebranding", disse o produtor Neil Meron. "Dizer 85º Prêmio da Academia soa pomposo demais, velho demais. Nosso show se chama "os Oscars"."
Neil Meron e Craig Zadan, co-produtores da cerimônia deste domingo, são homens de TV, de show e de musicais. Produziram juntos, entre outros, "Footloose", "Chicago", "Hairspray" e – o que está causando certa apreensão na cidade, por conta de sua baixíssima audiência – a série de TV "Smash". Ao dizer "nosso show se chama os Oscars", Meron resumiu a visão da dupla para o evento: eles o querem mais informal, mais divertido e muito mais musical.
Para isso a dupla puxou a brasa sem a menor vergonha para a sua sardinha: um dos pontos altos desta noite será um tributo aos musicais vencedores do Oscar, no qual se inclui, é claro, o seu "Chicago". Mas tem mais: esperem ver todas as canções indicadas sendo interpretadas, e números musicais abrindo e – novidade para este ano – encerrando a premiação.
Há quem duvide da eficácia deste último número, estrelado pelo apresentador Seth McFarlane e Kristin Chenoweth, dublando uma trilha pré-gravada nesta terça feira – depois de mais de três horas em seus assentos, sem comer, sem beber, sem fumar, mantendo-se no mais perfeito comportamento diante das câmeras, os convidados do Oscar costumam disparar do teatro assim que o prêmio de melhor filme é entregue.
Há quem duvide, na verdade, de muitas coisas com relação a este Oscar que resolveu ser informal aos 85 anos. Duvida-se da tarimba do estreante Seth McFarlane como apresentador (sua prévia, durante o anúncio das indicações, flertou com o desastre). Duvida-se do gosto de Meron e Zadan, especialmente diante do fracasso em câmera lenta de "Smash". Duvida-se que ser informal e divertido seja mesmo uma opção viável ou respeitável para o mais importante prêmio do cinema.