Lélio Braga Calhau é Promotor de Justiça de defesa do consumidor do Ministério Público de Minas Gerais
Li uma notícia, nesta semana, que relatava a dificuldade de se conseguir a redução da anuidade do cartão de crédito. A reportagem aponta que os bancos resolveram dificultar a negociação e cobrar pelo produto.
Esse era um movimento esperado pelos bancos que, pressionados pelos aumentos dos impostos, resolveram “quebrar as metas” atuando em uma área onde, já sinalizavam há anos, geraria um bom retorno financeiro. Vale dizer que a matéria trata da anuidade no cartão de crédito, mas podemos esperar que a partir de agora esse movimento seja estendido também a outros produtos financeiros.
Por exemplo: o banco onde movimentava algumas ações subiu a taxa de custódia da conta, de R$ 9 para R$ 12, sem nenhum comunicado antecipado ou motivo específico. O valor é pequeno, sim, mas pense que um aumento de 33,33% em vários produtos financeiros pode causar um estrago enorme no orçamento de uma pessoa, no período de um ano.
O momento agora é de cautela redobrada por parte do consumidor, frente às instituições financeiras. Produtos financeiros vão subir bem mais que a inflação e o acesso ao crédito ficará cada vez mais restringido. O ideal é tentar não ser “refém” da instituição financeira, e assim ter mais poder na hora da negociação. Esse aumento, citado acima, determinado pelo banco será combatido com o cancelamento da conta, já que não tenho necessidade de continuar com ela.
Quem possui, reiteradamente, dívidas no cartão de crédito poderá não conseguir uma boa redução na anuidade. Nestes casos, o banco sabe que o cliente precisa da instituição financeira para fechar o orçamento e não tem muitas opções. Quem não possui dívidas, pode cancelar o serviço ou mudar de banco, opções que as instituições financeiras têm verdadeiro pavor.
Outra dica que funciona é acompanhar, diariamente, sua conta bancária e a do cartão de crédito. Assim, é possível evitar uma série de aborrecimentos. Quanto ao cartão de crédito, use-o de forma racional, porque a economia realmente aponta que o momento é ruim para se ter dívidas. Evite ficar fragilizado numa eventual negociação. Lembre-se que a boa relação comercial existe quando há reciprocidade. Se é boa só para o outro lado, talvez seja o caso de você cancelar o serviço ou procurar outra instituição financeira. De olho no equilíbrio de suas finanças pessoais, seu bolso vai agradecer!