*Reginaldo Gonçalves é coordenador do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM). Graduado em Ciências Contábeis pelas Faculdades Metropolitanas Unidas e mestre pela PUC-SP. Especialista pela UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo.
O ano de 2016 começou com desafios que deveremos administrar tanto no cenário nacional quanto no internacional. Os problemas nas Bolsas de Valores do mundo mostram os efeitos das questões conjunturais, como a queda de quase 7% registrada na Bolsa da China. Isso demonstra que um dos países mais populosos do mundo deve ter uma redução em seu crescimento. E não podemos esquecer que, ao sinal de uma pequena gripe, o mundo acaba contraindo uma pneumonia.
Outra situação que deverá provocar certamente problemas para economia mundial é o problema enfrentado pelo Irã e Arábia Saudita. Desde 1979 são registradas divergências. Como estão em jogo regiões produtoras de petróleo, isso certamente envolverá outros países. Isso poderá refletir na Eurozona e gerar alguns outros impactos negativos, principalmente em países que não estão conseguindo se recuperar da crise globalizada, como Grécia, Portugal, Itália, Espanha.
Na economia brasileira os problemas internacionais acabam sendo potencializados, por conta do quadro político ainda à deriva, com discussões sobre o impeachment da Presidente Dilma Rousseff e as pedaladas fiscais. Os valores foram pagos aos bancos públicos na calada da noite, o que acabou prejudicando ainda mais a economia, em virtude do aumento do endividamento público - que atingiu R$ 3,84 trilhões até novembro do ano passado.
O balanço mostrará que esse total deverá aumentar ainda mais em dezembro de 2015 por causa da situação das empresas, que enfrentam um quadro difícil de faturamento, aumentando a incidência de desemprego.
O aumento dos juros no mercado interno acabou acontecendo em virtude do risco de calote que os bancos podem começar a ter, já que a economia apresenta pontos de saturação.
A falta de credibilidade brasileira dificulta a captação de potenciais investidores nos mercados mercado interno e externo, tanto para empréstimos quanto para participações em negócios por meio de compras e fusões de empresas.
O aumento do salário mínimo para R$ 880 já demonstra que o déficit da Previdência Social será maior ainda. O governo terá problemas com baixa arrecadação também para cumprir compromissos ainda esse ano. E a pressão dos congressistas deve provocar a manutenção dos investimentos sociais no Bolsa Família e no projeto Minha Casa, Minha Vida.
A corrupção, demonstrada em 2015 com os desvios de recursos nas mais diversas áreas, está desiludindo os empresários, que não conseguem fazer investimentos. O aumento dos custos da produção é uma vergonha, já que os preços administrados vêm sendo reajustados sistematicamente -principalmente petróleo e energia elétrica, mesmo com o preço do barril no mercado internacional caindo significativamente. A queda não está sendo repassada aos consumidores com a justificativa de reposicionar o caixa da Petrobrás.
Todos os fatores de desconfiança no quadro político atrelados a uma economia fragilizada por custos cada vez mais altos desestimulam os investimentos, já que o próprio governo deixou de investir na parte logística, o que poderia auxiliar na redução dos preços dos produtos.
No Brasil a bolsa de valores despenca e o dólar dispara. A desvalorização da moeda pode estimular as exportações de produtos, tornando-os mais competitivos. Mas quem tem dívidas em moeda norte-americana poderá amargar mais prejuízos. Isso dificulta o cenário para as empresas dependentes de empréstimo do exterior a desestimula a continuidade dos seus negócios.
Se o cenário continuar da forma que vem sendo conduzido, com investimentos efetuados em áreas não prioritárias, com gastos acima da receita orçada e realizada, certamente o desemprego será maior, a situação de endividamento aumentará e teremos em 2016 ambiente ainda pior do que o de 2015.