O termo fracasso, por si só, já causa arrepio em muita gente. Fracassar é algo que gera temor, vergonha, tristeza e até revolta. Contudo, antes de se recolher sob esse rótulo, é preciso analisar friamente a situação em que julgamos ser fracassada. Muitas vezes, uma perda, de qualquer ordem, pode ser interpretada como um livramento. Assim como um prejuízo pode significar um belo aprendizado, daqueles que a gente vai carregar como lição para a vida toda.
O fato é que nós não podemos mudar o passado, mas podemos dar um novo sentido a ele. Aliás, é bem mais inteligente fazer isso do que ficar se remoendo, punindo ou lastimando sobre algo que já foi. Todos os dias quando acordamos, ganhamos um “presente”, que é estar vivo. Se formos capazes de acreditar em nós mesmos, investir em nossos sonhos, certamente o universo tenderá a conspirar a nosso favor. Não é simples ou fácil, mas é poderoso.
Eu mesmo sou um bom exemplo de que é possível dar a volta por cima, ressignificar o nosso passado e escrever um novo futuro. Nasci numa pequena cidade no interior do Espírito Santo. Só conheci energia elétrica quando tinha 14 anos. Fui alfabetizado numa escola rural e só retomei os meus estudos, em supletivo, aos 16 anos de idade. Eu poderia me sentir um fracassado, uma vítima do mundo, da sociedade. Mas não, rompi com o ciclo do “coitadismo”, arregacei as mangas e fiz o melhor que pude com o que a vida que tinha. Iniciei meus estudos e, até a universidade, que parecia um sonho tão distante para alguém com a minha história, eu consegui concretizar.
Me apaixonei pelas pessoas e pelo potencial transformador que cada uma tem dentro de si. Uma noite sonhei com um treinamento capaz de transformar pessoas, fazer com que elas vissem o que é realmente importante e pudessem ir atrás das melhores versões de si mesmas. Assim nasceu o MAP - Mindset de Alta Performance, que vem ganhando cada vez mais adeptos. Meu objetivo é fazer com que todos descubram o vencedor que há dentro de si.
Infelizmente, a nossa cultura prega a felicidade contínua. Como se a dor devesse ser evitada a qualquer custo. Mas, costumo dizer que todos nós temos a nossa cobertinha da amargura. Precisamos nos recolher embaixo dela, permitindo-nos sentir a dor, experimentá-la, em vez de simplesmente fingir que ela não existe. É preciso ser honesto com os seus próprios sentimentos. E entender que, por pior que seja, tudo vai passar. E passa mesmo. Vivemos num mundo regido pela lei da impermanência. Nada é para sempre. Tudo está sempre em transformação.
Um dos exercícios que sugiro em meus treinamentos é o “ponte para o futuro”. Nele, proponho que as pessoas busquem tomar contato com situações prazerosas, vislumbradas num futuro próximo. Esse bem estar proporcionado pelas emoções positivas dão força para superar um momento de dor ou fracasso. As pessoas passam a entender que não vítimas do mundo, apenas estão passando por um momento difícil que, assim como os bons, também vai passar.
Outro ponto interessante em relação a esse tema é que, algumas vezes, o fracasso é consequência das nossas próprias atitudes ou escolhas. Um casamento falido, um emprego ruim. No entanto, em outras situações, o fracasso é advindo de uma situação externa, algo que eu não tenho controle. A morte de uma pessoa querida, um acidente, um prejuízo material. Existe uma teoria muito interessante, chamada 90x10. Ela demonstra que apenas 10% do meu tempo é gasto com situações específicas. Ou outros 90% é como lidamos com elas. Ou seja, temos o poder de escolher se vamos lidar com tranquilidade ou resistência.
Nesse sentido, é muito importante exercer a auto-responsabilidade. Eu sou o autor da minha história, mesmo quando lido com situações que não dependem exclusivamente de mim. É preciso criar estratégias para enfrentar as adversidades. Escolher a forma como vou reagir. Assumir o protagonismo da sua própria vida é o único caminho para a superação verdadeira. Fracassado é quem desiste. Quem luta será sempre um vencedor.