W. A. Cuin
“Enquanto nos contentamos com o pão, vai tudo bem, mas da manteiga em diante começam nossas lutas...”. (do livro “Evangelho de Chico Xavier” - Carlos Baccelli).
Ante a nossa pequena maturidade espiritual não é difícil observar que damos muito mais atenção ao que é efêmero e passageiro em detrimento ao que é definitivo e real.
Somos Espíritos eternos a caminho da perfeição.
Estamos aqui na terra, no contexto de um novo processo reencarnatório, com a proposta de adquirirmos evolução espiritual. Ninguém renasce neste planeta para viver dias de descanso, acomodados em redes macias ou deitados nos braços da inércia.
Ao deixarmos o mundo espiritual, trouxemos conosco, na bagagem, as propostas salutares da prosperidade e da evolução, na certeza de que ao superarmos os nossos defeitos e conquistarmos virtudes nos aproximaríamos da paz e da felicidade que tanto ansiamos.
Mas na vida nada é simples e fácil. Inseridos no contexto social em que militamos, nos deparamos com uma gama imensa de convites e chamamentos apontando outros caminhos; os das ilusões, fantasias e equívocos.
A providência divina, sábia, justa e perfeita, a cada criatura entrega os recursos devidos para a execução correta das tarefas que deve realizar. O que tem impedido ou atrapalhado o sucesso de cada uma é a inobservância dos focos reais da existência e a adesão às práticas ilusórias e equivocadas.
Obviamente que não podemos dispensar os recursos materiais para a nossa sobrevivência na Terra, que precisamos do lazer, do entretenimento e do descanso ante as lutas do cotidiano. Mas, em momento algum podemos permitir que os valores morais e espirituais sejam relegados a plano secundário.
Os primeiros são passageiros, descartáveis enquanto os segundos são eternos definitivos. Na vida presente precisamos de ambos, mas certamente, nas doses e medidas adequadas.
Como exemplo; trabalhamos arduamente para a obtenção de uma casa, obtendo-a queremos que a mesma tenha um piso ao nosso gosto. Uma vez melhorado o piso pretendemos a aquisição de moveis novos que combine com ele. Tendo os móveis achamos necessário comprar alguns objetos para decora-los. Diante das melhorias feitas pensarmos ser justo substituir as luminárias... e isso não tem fim.
Dessa forma trabalhamos mais e mais tornando a nossa vida extremamente atribulada, sacrificando a família, a saúde e quase sempre olvidando as necessidades espirituais. Cuidamos com esmero dos valores materiais, mas não temos as mesmas preocupações com as aquisições espirituais. Tal postura, sem dúvida, nos proporcionará um rio de aflições.
Obviamente, ninguém está impedido ou comete erro ao procurar viver de forma confortável, em realidade, o nascedouro das nossas angústias está no excesso, no supérfluo.
“Enquanto nos contentamos com o pão, vai tudo bem, mas da manteiga em diante começam as nossas lutas”, adverte sabiamente Chico Xavier. Assim é indispensável que meditemos sobre a nossa conduta, observando se estamos satisfeitos com o “pão”, tirando proveito do sustento que ele nos oferece ou se estamos na “manteiga”, onde se instalam as lutas promotoras das aflições e angústias que poderíamos evitar.
Por certo, é preciso refletir.