É preocupante observar que, segundo o DataSUS, o número de mortes por Infarto Agudo do Miocárdio no Brasil aumentou 65% entre 1996 e 2017, passando de 55.900 para 92.657 óbitos anuais. Coincidência ou não, o maior salto nessas lamentáveis estatísticas ocorre a partir de 2011, quando o nosso país passou a enfrentar crescente crise econômica, crescimento do desemprego e fechamento de empresas.
Nesse contexto, é interessante resgatar estudo da Universidade de Duke, da Carolina do Norte, Estados Unidos, realizado de 1992 a 2018: na comparação com pessoas que nunca ficaram desempregadas, estar sem trabalhar aumenta em 35% o risco de um infarto; ter sido demitido uma vez eleva o risco em 22%; e ter perdido o emprego quatro vezes aumenta a chance em 63%. O trabalho acompanhou 13.451 pessoas, de 51 a 75 anos de idade, entre 1992 a 2010. Nesse espaço de tempo, 1.061 tiveram episódios de Infarto Agudo do Miocárdio.
De acordo com os resultados, em comparação com indivíduos que nunca haviam perdido seus empregos, os que estavam desempregados apresentaram um risco 35% maior de ter um infarto agudo do miocárdio. Importante lembrar que um dos períodos do estudo abrangeu, a partir de 2007, a chamada crise das hipotecas subprime, uma das mais graves e prolongadas da economia norte-americana, com reflexos globais.
Num cenário econômico grave como se observa atualmente no Brasil, com mais de 13 milhões de desempregados, há, sim, necessidade de se aumentarem os cuidados preventivos. Não fumar, fazer exercícios físicos regulares, manter dieta saudável e evitar o consumo excessivo de álcool são atitudes ao alcance de todos, que contribuem para reduzir os riscos cardiovasculares. Esses bons hábitos também ajudam a evitar a depressão e ansiedade, mantendo a pessoa mais preparada para conseguir um trabalho quando surgir uma oportunidade.
Também é importante, num período de alto estresse como o que estamos vivendo, fazer o controle da pressão arterial e de parâmetros como colesterol, triglicérides e glicose, fatores de risco cardiovascular que se tornam ainda mais contundentes quando associados à tensão, ansiedade e nervosismo ante a conjuntura econômica. Para isso, ganham relevância testes que oferecem resultados instantâneos para exames clínicos e aparelhos medidores de pressão. Nossa experiência, corroborando a literatura médica, mostra que esses cuidados contribuem bastante para prevenir doenças cardiovasculares. Precisamos enfrentar o problema e preservar a vida. A crise econômica já tem consequências demasiadamente graves para o povo brasileiro!