Prof. Dr. Daniel Carreira Filho
Quando era criança, estudante de escola pública em São Paulo, Colégio Estadual Pereira Barreto, tínhamos aulas em que sentávamos em dupla nas carteiras escolares. Nelas ainda estavam aqueles buraquinhos na parte superior onde, anteriormente, colocávamos os potes de tinta Nanquim, alguns dos leitores poderão se lembrar.
Pois é, desde aquele tempo, e faz muito tempo, ouvia dizer que nós, as crianças éramos o futuro da nação e a nós deveriam ser dedicadas todas as atenções.
Quando passamos para a quinta série (após o vestibulinho) e passarmos para o Instituto Educacional Anhanguera (também escola pública na Lapa – São Paulo) passamos a ter aulas de inglês, francês e latim. Em todas estas línguas ouvíamos que o futuro será melhor, viveremos bem, teremos educação, saúde, transporte, moradia dignas.
No ensino colegial, hoje ensino médio, ouvíamos do professor de Educação Moral e Cívica que o Brasil espera que você cumpra com o seu dever e que todos nós estávamos muito próximos de assumir o país e liderar as mudanças necessárias. Mas, a minha realidade era de uma família que necessitava que meus estudos fossem no período noturno de forma a poder contribuir com a minha formação para o trabalho. E lá fui eu, vivenciar inúmeras possibilidades profissionais e, depois de algumas experiências pouco significativas, fui ser professor, aquele que pode mudar as pessoas e que estas, transformadas, transformariam o mundo.
Tornei-me professor do ensino superior e vi, com muita tristeza a educação ser relegada a planos secundários por sucessivos governos, mas, como vocês, leitores, ainda ouço que as crianças são o futuro da nação. E pelo andar da carruagem, ainda vamos apenas ouvir ladainhas irresponsáveis com a Educação Brasileira.
O futuro que me foi prometido não chegou, meus filhos ainda puderam ter uma educação um pouco melhor que a minha com a promessa de um futuro muito promissor.
Quem sabe, meus netos, os que tenho e o que está por vir, possam, de fato, viver em um mundo diferente do que hoje vivemos. Que a Educação seja tratada com seriedade, profissionalismo e competência. É, ainda, muito difícil acreditar que teremos um país diferente, digno para se viver, amplo para nossas expectativas pessoais, profissionais e sociais.
Com os passos que estão sendo dados, para trás em sua maioria no campo da Educação, tenho enormes dúvidas se meus netos vivenciarão as mudanças para melhor, aquelas prometidas quando eu era criança, como eles.
Sinto que a sociedade silencia para o que está ocorrendo com a Educação em nosso país. Que pouco ou nada está sendo feito em prol da valorização da criança, do adolescente, da escola e do professor. Eu estou em luta pela transformação. Vamos!!!!