Trinta brasileiros estão no rol dos Heróis da Pátria, com nomes inscritos no Livro existente no Panteão da Pátria. São eles Tiradentes, Zumbi dos Palmares, Marechal Deodoro, Pedro I, Duque de Caxias, Chico Mendes, Santos Dumont, José Bonifácio, Frei Caneca, Sepe Tiaraju, Anna Nery, Getúlio Vargas, Heitor Villa Lobos, Anita Garibaldi, Caio Vianna Martins e Joaquim Nabuco.
Estranho não estar nessa relação o maior estadista do Império, o próprio Imperador Pedro II, personalidade admirada em todo o mundo civilizado e que garantiu estabilidade ao Brasil no período entre 1840, data de sua maioridade e 1989, quando se instaurou a República.
Outros vinte e um nomes serão incluídos, levando a lista para 51, uma boa ideia. São eles: Visconde de São Leopoldo, grande defensor da criação de Universidades no Brasil, ainda no tempo da Colônia. Martim Soares Moreno, navegador português considerado o fundador do Ceará e inspirador de José de Alencar para escrever “Iracema”. Euclides da Cunha, jornalista do “Estadão” que foi cobrir a Revolta de Canudos e se apercebeu de que era uma luta de Davi contra Golias, este representado pelo Estado que eliminou um grupo integrado por mulheres, crianças e anciãos, que não pensavam em reinstaurar a monarquia, mas apenas queriam viver sem que o Governo os estrangulasse, como parecia naqueles primeiros tempos de República mal nascida e pior crescida.
Também Luiz Gama, líder abolicionista, rábula a quem se atribui a libertação legal de cerca de quinhentos escravos, Maria Quitéria de Jesus Medeiros, mulher que se disfarçou em homem para servir o Exército brasileiro em 1823 e Sóror Joana Angélica de Jesus, religiosa baiana assassinada na defesa do Convento da Lapa, em Salvador, em 1822.
A lista continua com Maria Felipa, que liderou duzentas mulheres negras e indígenas quando das guerras de independência na Bahia em 1822, Zuzu Angel, estilista que lutou na ditadura para reaver o corpo de seu filho desaparecido e foi perseguida e, presumivelmente, morta por sua luta essencialmente materna. Miguel Arraes, que lutou pela redemocratização, Machado de Assis, fundador da Academia Brasileira de Letras, autor de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e “Dom Casmurro”.
Continua com João das Botas, herói da Independência do Brasil na Bahia, embora português de nascimento, combateu contra os lusos. Rui Barbosa, a “Águia de Haia”, um dos homens mais influentes do Brasil, durante o final do Império e a primeira República, Marechal Rondon, militar e sertanista, líder de expedições desbravadoras e fundador do Serviço de Proteção do índio, Leonel Brizola, político gaúcho que organizou a resistência à deposição de João Goulart pela ditadura militar em 1964. Jovita Feitosa, que copiou Maria Quitéria e se disfarçou de homem para integrar o exército. Quando proibida de lutar, praticou suicídio.
João Pedro Teixeira, sindicalista rural paraibano, assassinado em 1962 e retratado no filme “Cabra Marcado para morrer”, em 1984, Irmão Joaquim religioso franciscano do século 18 que fundou casas de assistência e hospitais em São Paulo e no Rio de Janeiro, Francisco do Nascimento, o “Dragão do Mar”, líder dos jangadeiros nas lutas abolicionistas, Clara Camarão, indígena potiguara, líder de um pelotão feminino durante as invasões holandesas em Recife, em 1623. Bárbara Pereira de Alencar, primeira presa política do Brasil, apoiou a independência e foi líder da Revolução Pernambucana.
Por último, Carlos Gomes, o grande campineiro, glória da música pátria, autor de “O Guarani”, inspirada no livro de José de Alencar e sobre quem Maria Adelaide Amaral e Júlio Medaglia farão uma série global neste ano.
Falta muita gente. Como Rodrigues Alves, que em quatro anos fez uma Revolução mais importante do que a expulsão dos franceses e dos holandeses. Nota-se que Senado e Câmara têm privilegiado heróis locais. São Paulo não é muito atento a tais questões. Talvez seja o caso de termos um “Livro de Heróis Paulistas”, para que a nossa infância e juventude tenha de quem se orgulhar da gente bandeirante. Vamos pensar nisso?