Nos últimos tempos temos convivido com as ações de uma categoria profissional que considera ser possível realizar ganhos adotando práticas ou atitudes de profundo desrespeito ao humano, se é que podemos atribuir o adjetivo de profissional aos que desenvolvem sua maléfica e descomedida atuação no seio de nossa sociedade com tal perspectiva.
São inúmeros os exemplos de ações que são engendradas por pessoas que não medem suas atitudes na ânsia de destruir outros para tentar, de forma equivocada, sobressair-se perante a comunidade. Esta classe, a da sociedade dos falsos poderosos, está repleta de espécimes que não titubeiam em destruir vidas em prol de suas “metas” inconcebíveis.
Alegam, ainda de forma mais contundente, que é indispensável destruir o concorrente para, após uma suposta vitória, poder vangloriar-se do sucesso alcançado. No entanto, este sucesso, de fato, não existirá ou sequer poderá superar os momentos mais inseguros que possam, talvez, promover no suposto adversário que ele próprio construiu e lhe deu vida.
Tão grande é o desejo de fazer sucumbir seu suposto concorrente que não se apercebe das fragilidades que criou e continuará a desenvolver enquanto não compreender a importância e significado da existência altamente positiva de seu semelhante concorrente.
A inexistência de contrários, antagonistas, divergentes e diversos é que pode promover o efetivo e afetivo desenvolvimento humano e não a simples eliminação destes. Estes, os outros, são referências e não opositores, são dignos de coexistência cooperativa e não de extinção, são os que demonstram alternativas ou nos provocam a reflexão profunda sobre nós mesmos.
Em uma certa oportunidade em que um humilde professor procurou por um cidadão poderoso em um certo reduto humano, oferecendo-se para o desenvolvimento de ações conjuntas em prol da sociedade, sem sequer imaginar que pudesse estar comparando possibilidades, competências ou recursos, ouviu uma frase que marcou, tristemente, sua alma. “Vamos fazer ações de ciscar para dentro” e pôs fim ao encontro em que se buscava parcerias.
Assim são os que imaginam que a ação predatória sobre os semelhantes pode se traduzir em ganhos. Estas atitudes serão, certamente, vivificadas em todos os espaços sociais. Perceberão os demais quão nociva é a ação deletéria que se pretende ultimar. Ainda mais nefasta é sua ação quando faz pressões sobre outros seres humanos com os quais conta para sua ascensão, desprezando-os ou os obrigando a agir pela sua causa os impedindo de terem suas próprias opções de, na e para a vida em coletividade produtiva.
A estas ações denominaríamos antropofagia da concorrência desleal e desmedida. Ainda que praticada com a presunção da coerência interna.
No entanto, há os outros exemplos, aqueles de alinham-se em prol de uma coletividade e em ações cooperativas que visam a conquista de uma sociedade melhor, o que, neste momento, nos falta, e muito.