Grazi Cavenaghi (Foto: Divulgação)
Então é Natal
E o que você fez?
O ano termina
E nasce outra vez
Então é Natal
A festa cristã
Do velho e do novo
Do amor como um todo…
(Canção de Simone, Compositores: John Lennon / Yoko Ono / Rabello Claudio)
Então é Natal, e o que esse momento traz para você?
Quantas coisas fazemos repetindo algo sem saber o que aquilo significa?
Nesta mecanicidade da festa pela festa, da ilusão de alegria, da simples ilusão que o indivíduo é levado, esquece-se da verdade, de quem realmente se é, do porquê está aqui. Agora, mais do que nunca, essa loucura que está vedando os olhos para a verdade, essa dualidade que gera conflitos e faz as pessoas mergulharem nas brigas que minam a jornada de amor do ser humano. A única batalha que o ser humano deve travar é a “dele com ele mesmo”, escolhendo trazer a sua luz todos os dias.
O convite que faço hoje é que juntos possamos mergulhar no simbolismo do Natal, cada um no seu mundo, no seu lugar, para que você tenha consciência e celebre essa festa tão rica e tão profunda. Aliás, é isso que fazemos juntos a cada encontro, trazemos clareza de quem somos e como podemos fazer para seguir em direção ao mundo melhor.
Vamos refletir filosoficamente?
Lembrando que philo quer dizer amor fraterno, amizade e sophia quer dizer sabedoria. Logo, filosofia é amor à sabedoria.
Trazer o mítico junto ao histórico é a base para que possamos construir um mundo melhor. Conhecer os mitos, os símbolos, é o caminho para conectar o homem com a verdadeira natureza humana. É acolher as mensagens profundas que foram deixadas, é ver o que está oculto, entender, como na mensagem do Cristo, ter olhos para ver e ouvidos para ouvir.
Natal significa nascimento. Uma celebração que vem de antes do Cristianismo, e era realizada em comemoração ao solstício de inverno (aqui no ocidente temos o solstício de verão). Era a celebração das colheitas. Na Mesopotâmia, durava 12 dias; na Grécia, a comemoração era do deus Dionísio, deus do vinho.
Também, no dia 25 de dezembro, no século II, em Roma, era comemorado o nascimento de Mithras, o deus persa da luz – uma divindade muito respeitada pelos romanos. Que tempos depois foi chamada de Festival do Sol Invicto.
Logo, em 221 d.C., o historiador cristão Sextus Julius Africanus sugere que o nascimento de Jesus seja comemorado no dia 25 de dezembro, e a partir do século IV, o Festival do Sol Invicto se torna o Natal.
Uma alegria comemorar o Natal que tanto aquece o nosso coração e nossos lares.
Nesta época é muito comum a montagem do presépio. Os presentes dados pelos reis magos trazem a lembrança das três partes que os gregos diziam ser dividido o ser humano:
- ouro - o nous, a mente, o intelecto;
- incenso - a psique, a alma;
- mirra - a soma, o corpo físico.
Quando olhamos para a outra tríade – a manjedoura com o menino Jesus, o burro e touro – também nos lembra que a vida é de ação.
Como diziam os indianos, nós podemos atuar de três formas:
- atuar de forma correta, conforme o Dharma, a lei divina, a verdade, com integridade, nos mantendo elevados - representado pelo menino Jesus (aqui lembrando que essa atuação traz a tríade toda, mas é o ponto de equilíbrio – Sattva, um ponto acima, a ação certa, inspirado pelo divino).
- atuar de forma “errada”, pelo impulso, de forma instintiva, devastadora, pelo excesso – representado pelo boi (touro).
- atuar de forma “errada”, pela escassez, pela preguiça, pela inércia – representada pelo burro (jumento).
José e Maria simbolicamente no presépio também trazem a simbologia do divino. Maria concebe, e ele aceita sem questionar.
Representam o feminino e o masculino, a razão e a intuição. Só com a razão seria impossível concebermos o divino, pois a razão é adjetiva, é preto ou branco, bom ou mau, etc. Só com a intuição é possível conceber tudo ao mesmo tempo, o Uno, e é possível transcender.
José, Maria e o menino Jesus igualmente representam a sagrada família, o divino, as tríades de todas as religiões:
- Cristianismo: Pai, filho e espírito;
- Cabala: os Sephiroth - Kether, Binah e Hokmah;
- Budismo: Buda, Dharma e Sangha;
- Hinduísmo: Vishnu, Brahma e Shiva;
- Taoísmo: céu, terra e homem.
Na árvore de Natal, no pinheiro em formato de cone, que originalmente era colocado de cabeça para baixo, temos a simbologia da evolução do ser humano em espiral: a cada ciclo, sai uma oitava acima, segue em direção ao Uno. Os celtas a chamavam de árvore da vida.
A estrela de cinco pontas, na qual a quinta ponta representa o quinto elemento, o espiritual (a tríade), conduz os quatro elementos da matéria (terra, fogo, ar e água).
Do mesmo modo, o Papai Noel surgiu da tradição celta do Ancião dos Dias, um velhinho generoso, que vestido de vermelho circulava pelo gelo levando o calor humano, salvando vidas, distribuindo presentes, representando a generosidade. Unida com a história de Nicolau, conta-se que ele era vizinho de um homem muito pobre e com três filhas, que ao chegar à hora de casá-las, Nicolau jogava uma bolsa lotada de moedas de ouro para o dote, e que na vez da terceira filha, o homem pode ver a cara do homem generoso.
Aqui falamos do São Nicolau. No início do século XX, um cartunista uniu esses símbolos, e o bom velhinho como vemos hoje surgiu.
Quanta simbologia para explorarmos!
Que possamos ter consciência da importância de sermos a nossa verdade, honrando a história que nos trouxe até aqui, enxergando o mito em cada ciclo.
Como o nosso foco é progredir, vamos juntos?
O sol externo com certeza surge todos os dias, mas nosso sol interno para nascer é preciso que façamos essa escolha. Que possamos vencer essa batalha e seguirmos sendo luz com os dons que nos foram dados.
Que você possa distribuir os seus presentes com o verdadeiro espírito natalino, como eram distribuídas as velas, para lembrar ao ser humano que o divino está dentro de cada um. Acenda sua vela, o mundo precisa da sua luz.
Então é Natal, logo, escolha fazer o seu melhor Natal!
Celebre consciente, pois queremos um eu melhor, as pessoas à nossa volta melhores, um mundo melhor.
Vamos juntos?
Porque juntos somos +