Daniel Marques
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Nos últimos anos, os preços dos ovos de Páscoa no Brasil têm apresentado um aumento significativo, impactando diretamente o bolso dos consumidores. Entre os principais fatores que explicam essa alta estão a inflação e o custo elevado das matérias-primas. Em Votuporanga, os consumidores buscam alternativas e enfrentam dificuldades no momento de comprar ovos de páscoa.

Quem conversou com o jornal A Cidade sobre o preço do produto foi o economista Juny Figueiredo. Segundo ele, os preços dos ovos de Páscoa estão elevados principalmente devido ao custo do cacau, que é a matéria-prima essencial para o chocolate.

Em 2024, o mundo enfrentou um cenário de déficit global na produção de cacau pelo terceiro ano consecutivo, o que fez os preços dispararem no mercado internacional. Além disso, há outros fatores pressionando os custos, como a inflação geral, o aumento nos preços de insumos como açúcar e leite, e a logística de transporte, que é mais complexa para produtos frágeis como os ovos de Páscoa. Tudo isso acaba se refletindo no preço final para o consumidor.

“Portanto, os ovos estão caros por causa do preço do cacau, que é o principal ingrediente do chocolate. O cacau tá faltando no mundo todo, então ficou bem mais caro comprá-lo, além da elevação de preços do açúcar, leite e transporte”, comentou.

Em 2024, o preço do cacau subiu cerca de 163% em relação a 2023, segundo cotações internacionais, e o chocolate no Brasil teve uma alta de aproximadamente 11,9% no último ano, conforme o IPCA. Para os ovos de Páscoa especificamente, que têm custos adicionais de embalagem e produção sazonal, Juny aponta que o aumento em relação à Páscoa de 2024 pode estar entre 10% e 20%, dependendo da marca e do tamanho do produto.

“O grande vilão é a crise na produção de cacau, especialmente na África, que responde por 70% do fornecimento mundial. Países como Costa do Marfim e Gana enfrentaram problemas climáticos severos em 2024, como estiagens e chuvas mal distribuídas, além de pragas que afetaram as lavouras. Isso reduziu drasticamente a oferta de cacau, elevando os preços a níveis recordes”, esclareceu.

Comprar o ovo ou a barra de chocolate?
Sobre comprar o ovo ou o chocolate, o economista observou que essa é uma questão interessante e depende do que o consumidor valoriza. “Em termos puramente econômicos, os ovos de Páscoa costumam ter um custo por grama de chocolate bem mais alto que barras ou bombons, porque você paga pelo formato, pela embalagem e pela experiência sazonal. Com os preços tão elevados neste ano, comprar uma barra de chocolate ou bombons pode ser mais vantajoso financeiramente – você leva mais chocolate pelo mesmo valor”, apontou.

Um ovo de 300 gramas pode custar R$ 50 ou mais, enquanto uma barra de 300 gramas da mesma marca sai por menos da metade disso. “Porém, se o objetivo é manter a tradição ou presentear, o ovo ainda tem seu apelo emocional, e aí o custo-benefício vai além do preço”, acrescentou.

“Se for só pelo dinheiro, o chocolate em barra ou bombom ganha. O ovo é mais caro porque você paga pelo formato e pela embalagem bonita, mas tem menos chocolate pelo preço. Tipo, um ovo de 300 gramas pode custar R$ 50, enquanto uma barra de 300 gramas sai por R$ 20 ou menos. Mas se você quer a tradição da Páscoa ou dar de presente, aí o ovo ainda tem seu valor. Depende do que você prefere”, disse.

Dicas
Juny deixou algumas dicas para os consumidores: “eu diria que a primeira dica é pesquisar bastante. Os preços variam muito entre marcas e lojas – em 2024, por exemplo, havia diferenças de até 159% para o mesmo produto em São Paulo. Comprar com antecedência também pode ajudar, antes que a demanda da última hora eleve ainda mais os valores. Outra sugestão é considerar alternativas: barras de chocolate, bombons ou até ovos artesanais, que muitas vezes são mais baratos e personalizáveis. Fazer o próprio ovo em casa é uma opção criativa e econômica, se você já tiver os utensílios e tempo. Por fim, pense em combos ou promoções – algumas marcas estão oferecendo kits com trufas ou mini ovo”.