Fundada em 1987 pelo saudoso padre Silvio Roberto, instituição está há mais de um ano sem receber recursos e chegou ao seu limite
A Comunidade Nova Vida já suspendeu suas atividades e iniciou o processo oficial de fechamento (Foto: Arquivo pessoal)
Da redação
Referência regional na recuperação de dependentes químicos, a Comunidade Nova Vida está a ponto de encerrar suas atividades após quase quatro décadas de atuação. Fundada em 1987 pelo saudoso padre Silvio Roberto, a instituição foi forçada a suspender os atendimentos devido à falta de repasses do Governo Federal, cujo convênio está travado desde o primeiro ano da atual gestão.
A informação foi confirmada pela diretoria da entidade. Desde novembro de 2023, a Comunidade Nova Vida não recebe nenhum repasse federal — sua principal fonte de arrecadação. Ao longo de sua história, a instituição já havia auxiliado na recuperação de mais de 4,2 mil dependentes químicos.
Para entender, a Comunidade Nova Vida foi fundada pelo padre Silvio, com o apoio dos fiéis, para enfrentar um problema que já se agravava na sociedade: a dependência química. Apesar de sua origem ligada à Igreja Católica e de estar sediada em um terreno cedido pelo bispado de Votuporanga, a entidade não é mantida pela Igreja, mas sim por convênios públicos e doações da sociedade.
Desde sua fundação, a instituição mantinha convênios renováveis a cada cinco anos com o Governo Federal. Em 2023, ano da renovação do contrato, a Comunidade Nova Vida apresentou toda a documentação exigida e chegou a ter seu plano de trabalho aprovado. No entanto, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome não formalizou a parceria, deixando de repassar os recursos desde novembro daquele ano.
“Estamos há 15 meses sem receber um único centavo do Governo Federal, aguardando a assinatura do convênio. O dinheiro não veio, mas os nossos custos seguiram os mesmos, com a diretoria realizando ações sociais para arrecadar recursos e pegando empréstimos para pagar os salários dos funcionários e demais despesas, mas chegamos a um momento em que não dá mais”, disse o presidente da Comunidade, Ataide Cucarolla.
Sem os recursos federais, a entidade vem lutando, desde então, apenas com doações e com o convênio com a Prefeitura de Votuporanga, que manteve fielmente os pagamentos, mas não supre os alto custos para manter o atendimento. Inúmeras tentativas políticas de destravar os recursos federais também foram feitas, porém, sem sucesso.
Sem mais alternativas, a única saída encontrada pela diretoria da instituição foi suspender os atendimentos, o que já tem gerado reflexos negativos em Votuporanga e região.
O Jornal
A Cidade procurou o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, que se manifestou por meio da seguinte nota:
“A Comunidade de Recuperação Nova Vida, entidade civil sem fins lucrativos do município de Votuporanga-SP, possuía contrato com o Departamento de Entidades de Apoio e Acolhimento Atuantes em Álcool e Outras Drogas (Depad), vinculado à Secretaria Executiva do MDS. Esse contrato foi firmado por meio do Edital de Chamamento Público nº 01/2018 e teve vigência máxima de cinco anos, expirando em 1º de novembro de 2023, conforme previsto no próprio edital. A entidade participou do Edital de Chamamento Público nº 08/2023, atualmente vigente para convocação das entidades habilitadas. No resultado desse edital, a Comunidade de Recuperação Nova Vida foi classificada na posição 250. Até o momento, foram convocadas as entidades até a posição 181. A convocação das entidades ocorre conforme a disponibilidade orçamentária do Depad, dentro da vigência do edital”.