Interesse pela linguagem nasceu depois que um colega com deficiência auditiva entrou na escola. Tradução das notícias é feita por ele.
Crianças durante jornal em escola de Santa Adélia — Foto: Reprodução/TV TEM
Alunos da Escola Municipal Diego Segura Martins, em Santa Adélia (SP), resolveram aprender a Língua Brasileira de Sinais (Libras) para se comunicar com um colega de classe que tem 80% da audição comprometida.
Não satisfeitas com as aulas, as crianças foram além e resolveram criar um jornal com notícias traduzidas para que o aluno com deficiência auditiva se sentisse ainda mais incluído.
Todo o interesse pela Língua Brasileira de Sinais (Libras) nasceu depois que Humberto Kester dos Santos, de 9 anos, se tornou aluno da terceira série do ensino fundamental.
"Ele aprende muito fácil. É uma criança adorável. Ele está conosco há três anos e todo mundo convive muito bem com ele", afirma a professora Márcia Regina Pinotti Marconato.
Além da professora, Humberto tem a ajuda da tradutora e intérprete de Libras Diane Martins, que auxilia o menino durante as aulas.
"O objetivo da inclusão não é só eu e o aluno, mas sim a classe toda para que ele interagisse. Desde o primeiro ano, as professoras sempre cederam uma aula por semana para que eu pudesse ensinar a linguagem para todos", afirma Diane.
A parede da sala de aula se transformou em mural e os sinais que formam o alfabeto estão cuidadosamente estampados para que os alunos tenham contato diariamente.
Nas portas dos banheiros e da sala da diretoria, cartazes tradutores foram colocados para que Humberto pudesse olhá-los e entendê-los."A gente prepara a escola para que a criança se sinta acolhida e que os outros colegas também fazem parte dessa vivência", afirma Rosângela Garcia Vieira, diretora da escola.
Jornal
Os alunos do terceiro ano do ensino fundamental ficaram tão animados que decidiram criar um jornal com notícias. Ao lado dos repórteres, existe sempre um tradutor de Libras: o Humberto.
As pautas do jornal são bem variadas. Existem matérias especiais de meio ambiente, flagrantes de alunos jogando lixo onde não devem e serviços.
"Eu tenho o sonho de ser jornalista. Quero aparecer na televisão", afirma a aluna Leonora Nyane Pessoa da Silda, de 8 anos.
Todo o empenho dos alunos e dos professores fez com que Humberto se sentisse inserido no contexto escolar e feliz com o fato de poder se comunicar com os colegas.
"Eu gosto daqui porque tem língua de sinais, aula de artes, inglês e educação física. Todo mundo é muito amigo e aprendeu Libras para falar comigo", afirma.