Segundo a especialista Valéria Martins, 90% dos acidentes poderiam ter sido evitados.
Tomadas abertas podem apresentar perigo às crianças e risco de choque elétrico — Foto: Divulgação
Histórias de acidentes domésticos não são incomuns. Choques elétricos, queimaduras e quedas são alguns dos mais frequentes no ambiente onde deveria haver conforto e segurança: a nossa casa. Mas segundo a especialista em segurança do lar e do trabalho, Valéria Martins, a maioria desses acidentes podem ser evitados por meio da organização, atenção e cuidado.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Inmetro em 2018 sobre o Monitoramento de Acidentes de Consumo apontou que 33,4% de pessoas relataram algum tipo de acidente dentro de casa só no Estado de São Paulo. A pesquisa buscou relatar quando um produto ou serviço prestado provoca dano ao consumidor, como por exemplo, produtos infantis, eletrodomésticos, mobiliário, entre outros.
O estudo ainda apontou que as pessoas que mais sofrem acidentes de consumo são as da faixa etária entre 31 e 40 anos. E os produtos que mais causaram acidentes foram: fogão (15%), escada doméstica (11%) e fósforo de segurança (9%).
De acordo com Valéria Martins, especialista de Sorocaba (SP), os acidentes mais comuns dentro de casa são:
Asfixia por objeto, que afeta principalmente crianças pequenas que costumam levar tudo à boca;
Intoxicação provocada por produtos químicos (limpeza ou medicamentos) que estão ao alcance das crianças e são ingeridos;
No caso dos idosos, a intoxicação também ocorre por conta da ingestão acima do recomendado da dosagem do medicamento;
Queda provocada por tapetes, objetos no chão e espaços apertados;
Quedas dentro de banheiro, especialmente no espaço do box, quando não há pisos antiderrapantes.
"Hoje, no Brasil, estima-se que as pessoas vítimas de acidentes domésticos são 37% de todos os feridos atendidos em hospitais. E dentro deste grupo é bastante significativa a presença das crianças e idosos como as principais vítimas desse tipo de acidentes. A estimativa, no Brasil, é que cerca de 5 mil crianças morrem todos os anos por causa de acidentes em casa. E cerca de 100 mil são hospitalizadas pelo mesmo motivo", afirma Valéria.
Prevenção
Os acidentes domésticos podem acontecer a qualquer hora ou lugar, afirma a especialista. De um escorregão a uma queda do último andar da escada, esses acidentes podem ter consequências graves e até deixar sequelas. "Os levantamentos mostram que 90% desses acidentes poderiam ser evitados", diz Valéria. Para evitar situações como as citadas acima, a especialista dá algumas dicas:
Em casas que possuam escadas, a recomendação é colocar corrimão;
Se tiver sacada, a dica é colocar um portão pequeno para barrar o acesso de crianças. Não somente à sacada, mas também a outras partes da casa que podem representar risco, como a cozinha;
A rede é outro item indispensável nas sacadas ou janelas baixas para quem mora em apartamentos;
Coloque tapetes antiderrapantes e até mesmo corrimãos, no caso de idosos em casa, por exemplo, já que oferecem importante apoio;
Na hora de cozinhar, evite deixar as panelas com o óleo quente e com o cabo para o lado de fora do fogão. É preciso também atenção com as panelas de pressão. A dica é ter cuidado com a manutenção da borracha de vedação e colocar sempre a quantidade permitida, assim evitando explosões;
Vede todas as tomadas com protetores. Isso ajuda a prevenir os choques elétricos, principalmente em crianças, que têm curiosidade e costumam inserir objetos dentro das tomadas;
Não é recomendado o uso de adaptadores de tomadas, conhecidos como "Benjamin". O ideal é colocar uma régua de tomadas com filtro de linha;
Evite deixar o carregador de celular conectado na tomada sem o aparelho. Com o fio solto e conectado na energia, as crianças podem colocar o fio na boca e, assim, receber uma descarga elétrica;
Nunca deixe que as crianças usem as piscinas ou banheiras sozinhas. Sem supervisão de um adulto, o risco de afogamento é muito grande. Por mais que a água, no caso da banheira, seja pequena, pode ser o suficiente para provocar um afogamento;
Em caso de posse de arma de fogo, guarde o item de maneira correta e em local de difícil acesso;
Cortes com objetos afiados, como faca, tesoura, garfo, também são comuns. Por isso, é preciso dificultar o acesso às crianças e procurar deixá-los com as pontas para baixo;
O uso de secadores ou de chapinha dentro do banheiro é outro fator de risco quando as pessoas utilizam com os pés descalços e molhados, o que pode provocar uma descarga elétrica.
"A maioria dos acidentes que acontecem no lar podem ser evitados com atitudes simples. É preciso estar sempre atento, conversar e explicar sempre às crianças sobre os riscos e as consequências", conclui a especialista.