Gripe canina e rinotraqueíte felina estão entre as enfermidades. Incentivar o consumo de água e manter as vacinas em dia são algumas das atitudes indicadas pela especialista.
Lanna recebe cuidados extras na alimentação durante o inverno — Foto: Laryssa Chagas/Divulgação
Tosse, secreção nasal e falta de apetite, esses são alguns dos principais sintomas de doenças que acometem os animais no inverno, principalmente os cães. Com a queda das temperaturas, os pets ficam mais sensíveis e podem contrair doenças. Por isso, a atenção com eles precisa ser redobrada nesta época.
De acordo com a médica veterinária Jaqueline Nascimento Abrahão, de Sorocaba (SP), uma das principais doenças que acometem os cães no inverno é a gripe canina, mais conhecida como a "tosse dos canis". “A doença é altamente contagiosa entre cães, principalmente aqueles que vivem em grupos ou regiões muito frias”, explica.
Na gripe canina, os sintomas incluem tosse, espirros, secreção nasal, falta de apetite e até vômito com aspecto de espuma, quando a tosse é muito forte. Segundo a veterinária, é necessário observar os sintomas, pois, diferente da gripe humana, a gripe nos cães se assemelha muito a engasgos, podendo ser confundida.
“Precisamos ficar atentos também a outras doenças que acometem o trato respiratório dos pets e mesmo não sendo específicas do inverno, o tempo seco e frio pode piorar essa situação, como a bronquite canina, cujo sintoma é a tosse seca. Nessa época do ano é importante ficar atento, pois os pacientes podem entrar em crises de tosse devido à piora do quadro”, conta.
Animais com problemas no coração podem desenvolver, com mais facilidade no inverno, o edema pulmonar e a pneumonia. Neste caso, a veterinária explica que os sintomas podem incluir a dificuldade em respirar, língua de coloração roxa, ruídos durante a respiração e até mesmo desmaios.
Além dessas doenças respiratórias, os tutores também devem ficar atentos à cinomose, uma doença grave causada pelo vírus da família Paramyxovirus que atinge somente cães, e muitas vezes pode ser fatal. A falta de vacinação dos filhotes e a desatualização de vacinas dos cães adultos são os principais fatores de contaminação.
“Uma doença muitas vezes fatal, causada por um vírus que se torna mais resistente no frio. É contagiosa entre os cães e os sintomas incluem vômitos, diarreia, tosse com secreção, apatia, falta de apetite, secreção ocular, tremores, falta de coordenação, vocalizações como uivos, choros e até mesmo convulsões."
Os cães idosos acometidos por doenças articulares, como a artrose, por exemplo, também têm os sintomas agravados no inverno e pode apresentar dificuldade para andar, subir em locais altos, mancar e até mesmo perder o apetite devido à dor.
Já os gatos podem desenvolver a rinotraqueíte felina, causada por um vírus e altamente contagiosa entre a espécie. Os sintomas são semelhantes ao da gripe canina, incluindo a dificuldade de respirar, secreção ocular e perca de peso.
Quais os principais cuidados no inverno?
De acordo com a veterinária:
Conferir se todas as vacinais estão atualizadas. Elas devem ser realizadas anualmente e não somente quando os pets são filhotes. Somente dessa forma eles estarão sempre protegidos;
Ter atenção especial aos filhotes e aos idosos e sempre mantê-los aquecidos, pois estes perdem a temperatura com maior facilidade;
Para cães que dormem na parte externa da casa, utilizar casinhas com camas e cobertores para maior proteção;
Sempre observar se o animal diminui a ingestão de água nesse período. Caso isso aconteça, a alternativa é espalhar potes de água ou fontes pela casa, incentivando o consumo ou oferecer o alimento úmido (sachês), principalmente para os gatos, pois nessa época eles tendem a diminuir a ingestão de água e podem até formar cálculos urinários;
O banho e a tosa não estão proibidos, porém deve-se diminuir a frequência dos banhos nessa época, principalmente porque os pets precisam da proteção natural do pelo e da própria pele contra o clima. O ideal após os banhos e tosas é sempre secar por completo os pelos.
A estudante Laryssa Chagas, de Capela do Alto (SP), dona de Lanna, uma Border Collie de 4 anos, conta que reforça os cuidados nessa época desde a alimentação até o conforto para manter a pet aquecida. “Eu troco a casinha onde ela dorme para não pegar tanto vento e ficar mais quentinha. Também coloco a ração um pouco a mais que o normal, o normal é duas canecas durante o dia. No frio, eu coloco três canecas e duas vezes ao dia, fora o pote de água”, conta a estudante. Além dessas atitudes, a tutora coloca mantas embaixo de Lanna sempre que ela se deita no piso, que é frio. Na casinha da pet também há uma cortina para impedir que o vento entre.
Ainda de acordo com a médica veterinária, é recomendado evitar no inverno:
Passeios com a vacinação atrasada, pelo risco de contaminação na rua;
Dar banhos e deixá-los secar sozinhos;
Deixá-los desprotegidos na parte externa da casa, principalmente se for em local aberto.
Roupinhas
Jaqueline Nascimento explica ainda sobre o uso das roupinhas no inverno. Segundo ela, existem raças de cães que têm maior resistência ao frio, como o Husky Siberiano, Akita, Chow Chow, São Bernardo e algumas outras raças de porte grande. Se você possui uma dessas raças e os pelos não estão tosados, a roupinha não é necessária. No entanto, mesmo assim devem ser oferecidos aos pets camas e cobertores.
"Animais de pequeno porte, mesmo tendo pelo longo, a roupinha é sempre indicada. Deve-se somente escovar sempre os pelos, a fim de evitar os nós causados pelas roupinhas. Já em filhotes e idosos, a roupinha é sempre bem-vinda", explica a veterinária Jaqueline.
Para os gatos, a roupinha não é uma boa opção. Ao contrário dos cães, os felinos não estão acostumados a usar esse tipo de acessório. De acordo com a veterinária, eles podem acabar se machucando ao tentarem tirar a peça. "O ideal é sempre se certificar de que existe um local seguro, quentinho e protegido para eles, isso é o suficiente", complementa.