Inverno começa oficialmente neste sábado e potencializa a transmissão do coronavírus e vírus respiratórios
(Foto: Reprodução/ Brasil Escola)
Vírus respiratórios amam o inverno. Pessoas aglomeradas, abraços mais demorados, janelas e portas fechadas quase o tempo inteiro, clima seco e, tão ou mais importante que tudo isso: mais gente espirrando e tossindo e lavando menos as mãos. A receita perfeita para esses vilões entrarem no organismo.
O início da estação mais fria e seca do ano em Rio Preto, neste sábado, dia 20, traz consigo a obrigação de tomar alguns cuidados pela pandemia da Covid-19. Os cientistas ainda não bateram o martelo sobre se o coronavírus sobrevive mais tempo nas temperaturas mais frias que no calor, mas independentemente disso, os vírus são mais facilmente transmitidos no frio.
Os números já são preocupantes. Apenas nesta sexta-feira, 19, foram confirmadas doze mortes na região de Rio Preto por coronavírus, cinco na maior cidade do noroeste, onde também foram contabilizados mais 74 registros da doença, totalizando 1.618.
A quantidade de pacientes internados continua alta. São 204 rio-pretenses hospitalizados, sendo 131 deles em enfermaria e 73 em UTI. Desses, 93 (45,6%) estão com coronavírus. Os outros têm suspeita da doença ou ela já foi descartada, mas de qualquer forma estão com doença respiratória que requer cuidados em hospital.
Segundo dados do Estado de São Paulo, a ocupação em leitos de UTI na região é de cerca de 40%. Segundo a Secretaria de Saúde de Rio Preto, há cerca de 160 moradores da região internados em hospitais da cidade.
"Evitar aglomerações, pois é dessa forma que os vírus respiratórios se transmitem, fazer a higiene das mãos e usar máscara, pois protege a pessoa e o ambiente", enumera o pneumologista Rafael Mussolino, do Hospital de Base.
Os vírus respiratórios - sejam os coronavírus ou os da gripe - são transmitidos por meio de gotículas expelidas pela fala, tosse, espirro, ou quando a pessoa entra em contato com essas gotículas em alguma superfície contaminada e leva as mãos ao nariz, boca ou olhos.
"Umedecer o ambiente com umidificador e fazer lavagem nasal com soro fisiológico e tomar a vacina de Influenza", aconselha o médico. Na falta de um aparelho, uma toalha molhada ou mesmo uma bacia com água no ambiente já resolvem o problema.
Deixar o ambiente arejado, com portas e janelas abertas, também ajuda, assim como é muito importante beber bastante água. Tudo isso para evitar irritação do sistema respiratório em épocas em que a umidade relativa do ar cai muito - a Organização Mundial da Saúde (OMS) preconiza que o ideal à saúde humana é que ela esteja sempre acima de 60%, porém não raro, em épocas secas, ela vai a 15% em Rio Preto.
Quem sofre com rinite, asma e bronquite deve ter ainda mais cuidado, bem como quem tem outras doenças, como diabetes e hipertensão. "A repercussão numa eventual infecção respiratória vai ser menor", explica Mussolino. Ou seja: caso o indivíduo seja contaminado pelo coronavírus ou outro vírus respiratório, se a doença estiver controlada as chances de ter complicações será menor.
Manter as doenças sob controle também ajuda a evitar idas de emergência a consultórios médicos e hospitais, diminuindo a chance de contato com outras pessoas doentes.
Terezinha Aparecida de Mello Júlio, aposentada de 64 anos, comprou o umidificador para aumentar o conforto da mãe, dona Rita, de 88 anos, que está acamada em decorrência de um câncer. "O umidificador fica ligado 24 horas por dia e eu durmo do lado dela. Higienizo o nariz e os olhos dela com soro fisiológico", diz Terezinha, contando que quando o clima fica seco dona Rita sente mais desconforto respiratório. O coronavírus é uma preocupação na família. "Só saio de casa para ir ao banco, o resto trazem em casa."
Maria de Fátima da Silva, diretora da escola de 55 anos, tem asma crônica e às vezes, sobretudo quando as chuvas ficam escassas, precisa de bombinha. Antes de comprar o umidificador, era adepta de baldes de água e toalha molhada. "Nessa época eu fico com o nariz muito seco e sinto falta de ar. Eu bebo muita água o dia inteiro, porque sinto minha garganta secar", relata.
Luciana Cristina Rodrigues de Faria, vendedora de 43 anos, conta que todos os anos tem bronquite no inverno e sempre precisa de atendimento médico. "Nesse ano ainda não tive crise forte, mas percebo um cansaço maior, falta de ar, não durmo direito", relata. "Utilizo soro no nariz, umidificador, inalador, medicamentos e até injeção. Estou muito preocupada com o coronavírus, até por causa dos sintomas, que são muito parecidos."
*Diário da Região