Quantidade de mulheres que solicitaram ajuda por meio do mecanismo legal saltou de 54 para 95; diferença foi registrada em um mês, de março para abril
Mulher entrou com pedido de medida protetiva contra ex-companheiro em Rio Preto. (Foto: Reprodução/TV TEM)
O número de pedidos de medidas protetivas aumentou exponencialmente durante a pandemia do novo coronavírus em São José do Rio Preto (SP).
De acordo com dados do Anexo de Violência Doméstica, a quantidade de mulheres que solicitaram ajuda por meio do mecanismo legal saltou de 54 (março) para 95 (abril).
Uma jovem que preferiu não ser identificada afirma que sofria agressões físicas e psicológicas do ex-companheiro. Mais de 10 boletins de ocorrência foram registrados contra o homem, que foi preso há dois anos. A mulher conseguiu medida protetiva na Justiça contra o agressor.
“Eu não sei se é porque ele já foi preso uma vez, mas parece que ele ficou com um pouco mais de medo depois que o papel chegou, né? Eu não o vi na esquina mais, me perseguindo”, diz.
Desde o dia 23 de março, quando foi decretada a quarentena no estado de São Paulo por causa do coronavírus, o número de agressões contra a mulher aumentou 30% em relação ao mesmo período do ano passado.
"Infelizmente, a gente teve esse aumento. Trabalhamos com isso, mas gostaríamos que o número de medidas protetivas caísse", afirma a encarregada da Patrulha Maria da Penha da Guarda Civil Municipal de Rio Preto, Fabia Suaide.
Outra moradora de Rio Preto afirma que vive os dias de isolamento social com medo, mesmo amparada pela medida protetiva contra o ex-namorado com quem morou durante oito meses.
"Da última vez que eu chamei a polícia para retirar ele de casa, ele deixou bem claro que eu e minha filha sofreríamos todas as consequências e se não fosse dele eu não seria mais de ninguém", afirma.
De acordo com a juíza da 5ª Vara Criminal de Rio Preto (SP), Gláucia Véspoli dos Santos Ramos de Oliveira, os feminicídios dobraram no estado de São Paulo em consideração com a mesma época do ano passado.
"Foram nove em 2019 e, agora, temos 16 mulheres mortas em razão da violência doméstica, porque elas não têm condição de sair de casa para buscar ajuda fisicamente", afirma a juíza.
Como denunciar
As vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia sem sair de casa através dos canais online de delegacias eletrônicas. Elas também podem contar com o projeto "Carta de Mulheres", do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Pela página, as mulheres conseguem fazer um cadastro e deixar seu relato. Uma equipe especializada, então, vai responder com informações e orientações para cada tipo de caso.
"80% das mulheres que entram com um pedido de medida protetiva são salvas. Elas não são vítimas de feminicídio, essencialmente, porque buscaram a medida protetiva, que é extremamente eficiente e necessária", diz a juíza Gláucia Véspoli dos Santos Ramos de Oliveira.
*G1