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Geral
‘Caminhos do espectro’: uma jornada profunda pelo universo do autismo
O A Cidade inicia a partir de hoje, uma série de reportagens e mergulha no tema, desde o diagnóstico até a inclusão, durante o ‘Abril Azul’
O TEA (Transtorno do Espectro Autista) é um tema ainda cercado por desafios e incompreensões, mesmo em meio tempos onde a inclusão é a pauta principal. Neste mês de abril, conhecido como “Abril Azul”, dedicado à conscientização sobre o autismo, o A Cidade embarca, a partir de hoje, em uma jornada sensível pelo espectro autista, desde o diagnóstico até a inclusão.
Com a série de reportagens especiais, o "Caminhos do Espectro", a redação mergulhou nas histórias de vida, nos desafios enfrentados e nas conquistas alcançadas por pessoas no espectro autista. Entrevistas com especialistas, relatos de famílias e experiências pessoais revelarão a complexidade e a riqueza desse universo ainda tão desconhecido para muitos.
Ao longo das próximas edições, às terças-feiras, serão exploradas as nuances do diagnóstico, os obstáculos enfrentados no dia a dia, os avanços científicos e as iniciativas inclusivas que têm transformado vidas.
Um olhar sobre o diagnóstico: ‘Não é luto, é quando começa a luta’
Era um dia 21 no mês de maio do ano de 2021, quando a família de Benício Barrientos, que a época tinha três anos e oito meses, recebeu o diagnóstico. Os primeiros sinais, no entanto, foram sutis para que a mãe Ana Claudia Picolini começasse uma investigação, isso porque ao contrário de muitos pequenos do espectro, Benício apresentou uma inteligência acima de sua idade e começou a ler com dois anos e meio.
De início, a escola dele sempre apontava as características pontuais e subjetivas, como o próprio hábito da leitura, que não era comum para uma criança da idade dele. “A gente começou a investigação, era um período de pandemia, então foi muito difícil de investigar, porque às vezes estava ruim para conseguir consulta médica. Por fim a gente conseguiu a consulta médica e veio o diagnóstico do autismo”, disse Ana Claudia, que é servidora pública federal e também idealizadora do Getea (Grupo de Estudos Sobre Transtorno do Espectro Autista).
A jornada de Ana Claudia e Benício não foi marcada pelo luto, mas sim pela luta. Uma luta por terapias adequadas, por profissionais que criem vínculo com Benício e o atendam corretamente, uma luta pela inclusão escolar e social.
“Eu já estava esperando o diagnóstico, então não foi uma surpresa ter o diagnóstico, né? Eu sei que muitas famílias... É pelo luto do autismo, eu não passei. O meu caso não foi assim. Fui muito prática e fui direto ao ponto. O que nós vamos fazer? O que precisa ser feito? Não é o luto, começa a luta. A luta por terapias, a luta para encontrar um profissional que crie vínculo com essa criança, que atenda corretamente essa criança pela inclusão escolar, pela inclusão social. Brevemente, essa caminhada aí que eu fiz”, completou Ana.
Desde o diagnóstico, há três anos, o tratamento de Benício evoluiu conforme suas necessidades e idade. O autismo é um transtorno de neurodesenvolvimento que requer intervenções específicas ao longo da vida, como explica Ana Claudia. Hoje, aos seis anos, Benício é classificado como autista nível 1 de suporte, com possíveis comorbidades de TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo) e TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade).
“Então, as intervenções que a gente fazia de início, já não são as mesmas agora, né? Agora são mais intervenções voltadas a habilidades sociais, porque ele quer socializar e às vezes não sabe como, ou alguma outra forma soa estranho, né? Para o coleguinha. Então, aí a gente vai dando alguns modelos para que ele possa encontrar o caminho dele. Intervenções voltadas à atenção, concentração, que a gente chama de funções executivas. Do que a gente iniciou para agora, é isso. Eu percebo uma crescente no tratamento, porque as necessidades vão alterando conforme a idade, conforme o amadurecimento desse indivíduo também”, relatou ela.
Para Ana Claudia, a luta não se resume a resolver os desafios de Benício, mas sim a preparar uma sociedade inclusiva não apenas para ele, mas para todas as pessoas no espectro autista. É uma batalha por conscientização, educação e aceitação das diferenças.
“Não bastaria apenas eu resolver o problema do meu filho ou a questão do meu filho. Resolver só a questão do meu filho não resolve a questão, você consegue entender? Então, assim, o que me move é preparar ele para uma sociedade inclusiva, mas também preparar uma sociedade inclusiva para ele e para os outros. Em nome dos que vieram antes dele, dos que vieram na geração dele, dos que virão após ele. A gente sabe que é um a cada 36, então é uma realidade que vai acabar batendo na porta de todo mundo aí em breve. Então, acredito realmente que através da educação que a gente possa fazer isso, que a gente possa disseminar um estereótipo que se tem do autismo, de emancipar pais, emancipar famílias, conscientizar toda uma sociedade de que a gente realmente é diferente e que a gente precisa abraçar essa sociedade que a gente tem”, finalizou ela.
Getea O Grupo de Estudos Sobre Transtorno do Espectro Autista nasceu, segundo a idealizadora, de uma necessidade que existia dos professores se tornarem capacitados e tivessem uma capacitação contínua sobre o tema. Em setembro de 2022, a ideia foi colocada em prática e hoje reúnem estudiosos sobre o tema para detalhar novos métodos e conceitos sobre o espectro.
O que é o autismo? Essa é a realidade de diversas famílias votuporanguenses que passaram a conviver com a atipicidade da condição genética que prejudica a organização de pensamentos, sentimentos e emoções. Conforme explica a médica psiquiatra Gabriela Araújo Tonelote.
“O autismo é definido como um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades de interação social, comunicação e comportamentos repetitivos e restritos tanto para coisas, quanto para pessoas”, disse a médica.
Os sinais para os pais ficarem atentos já surgem nos primeiros meses de vida, Gabriela explicou que em geral antes dos três anos. Sintomas como fazer poucos gestos por volta dos 12 meses de idade, não mostrar ou apontar para coisas por volta dos 18 meses de idade, focar em partes específicas de objetivos ou lugares, por exemplo, a roda de um brinquedo, repetir as mesmas palavras ou frases inúmeras vezes, dificuldade em manter contato visual, reagir de forma sensivel a alguns sons, cheiros, gostos ou texturas, não tentar contato com outras crianças ou interagir para brincar e atrasos na aprendizagem de linguagens, falas e interações sociais, são os principais indicativos.
Como se dá o diagnóstico? O diagnóstico do transtorno do espectro autista é clínico e avaliado por meio dos comportamentos e desenvolvimento da pessoa. “É importante procurar um especialista o mais rápido possível em caso de dúvidas, para que o diagnóstico seja feito rapidamente. Assim, é possível começar o tratamento e acompanhamento do paciente o quanto antes, contribuindo para o desenvolvimento e qualidade de vida”, detalhou Gabriela.
Para crianças, além das observações de comportamentos e do desenvolvimento natural, são feitas entrevistas com pais, cuidadores e professores.
“Para diagnosticar o TEA, os profissionais devem observar a dificuldade em duas áreas: ‘Comunicação social’ e ‘Comportamentos ou interesses restritos, repetitivos e/ou sensoriais’. Para que a criança seja diagnosticada com autismo, ela deve ter dificuldades nessas duas áreas ou apresentar características do autismo desde cedo, mesmo que os sinais diminuam em fases mais tardias da infância”, disse ainda a psiquiatra.
De modo geral, ela ressalta ainda que não existem marcadores biológicos específicos ou exames focados na descoberta do autismo.
Como é o tratamento do autismo? Segundo a médica, não existe um remédio específico para o tratamento do autismo. O diagnóstico precoce, o atendimento médico multidisciplinar e as terapias comportamentais costumam ser a melhor combinação para aumentar a qualidade de vida e o nível de independência dos autistas.
“O tratamento também associa diferentes terapias com o objetivo de testar e desenvolver habilidades sociais e motoras, comunicação e organização. A complexidade do autismo, é muito individual, nao existe um remedio, um tratamento inequivoco, porque cada um tem suas singularidades, suas maiores e proprias necessidades, existem remedios que podem beneficiar, mas nao para tratar autismo”, relatou.
Existem diversas intervenções psicossociais para ajudar no tratamento do transtorno do espectro autista. Apesar de acompanhar o paciente por toda a vida, serviços e terapias corretas podem, realmente, diminuir os sinais e os sintomas da rotina de cada pessoa. O tipo de tratamento, vai depender do nível do autismo.
A médica explica que DSM-5 divide o autismo em níveis diferentes de acordo com algumas condições do indivíduo autista. Basicamente, é separado em graus 1, 2 e 3 ou autismo leve, moderado e severo.
No autismo leve - Grau 1, as maiores dificuldades estão relacionadas aos déficits de comunicação, sem muitas comorbidades associadas. Por conta disso, o pequeno com autismo leve muitas vezes é rotulado como desinteressado.
O autismo moderado – Grau 2, possui aspectos mais complicados em relação ao anterior. Nesse caso, a falta da verbalização pode ser um dos problemas do indivíduo acometido e, geralmente, mais comorbidades estão associadas ao diagnóstico.
O grau 3, ou autismo severo, se caracteriza pelos prejuízos no neurodesenvolvimento serem mais elevados. Nesse contexto, os problemas estão presentes desde o processo de socialização até o funcionamento geral de corpo e mente. Por esse motivo, a independência da criança com autismo é mais difícil de ser conquistada no grau 3.
Recomendações Ainda de acordo com a médica, buscar conhecimento, profissionais para o diagnóstico correto, tratar de forma precoce, não desanimar e amar seu pequeno incondicionalmente. “Além do autista, os pais e familiares também precisam de suporte físico e emocional para compreender o que está acontecendo e contribuir no tratamento e desenvolvimento da criança”, disse a psiquiatra.
Outras formas de ajudar seu filho ou familiar é o cuidado com a alimentação, uso de suplementos e vitaminas para o bom funcionamento do cérebro, a prática de exercícios físicos e brincadeiras estimulantes e a redução na carga de toxicidade ambiental (brinquedos com chumbo, panelas de alumínio, tintas artificiais, entre outros).
Notícia publicada no site: www.acidadevotuporanga.com.br
Endereço da notícia: www.acidadevotuporanga.com.br/geral/2024/04/caminhos-do-espectro-uma-jornada-profunda-pelo-universo-do-autismo-n79709
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