Nancy Ebrahim, de 27 anos, está na casa da avó, em Votuporanga, desde o último dia 30; para ela, Brasil foi a única alternativa de escapar da guerra
Da Redação
Os alunos do curso de Letras da Unifev, que fazem parte do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), receberam uma visita bastante especial na tarde de ontem.
A jovem síria Nancy Ebrahim, 27 anos, que está em Votuporanga desde o último dia 30, foi trazida por uma tia à Instituição para que pudesse se familiarizar melhor com a cidade e, também, se relacionar com pessoas de sua idade.
Nancy, que nasceu no Brasil, mas sempre viveu na Ásia, veio para a casa da avó paterna para escapar da guerra civil que assola o seu país há cerca de dois anos. Mesmo sem falar qualquer outro idioma que não seja o árabe, ela tentou conversar com o grupo de estudantes, coordenado pelo Prof. Dr. Eduardo César Catanozi.
Durante o ‘bate-papo’, auxiliado por um programa de tradução do computador, os alunos fizeram diversas perguntas à jovem.
Muito tímida e de comportamento acuado, a síria, que trazia em sua camiseta as estampas do rosto e do nome do presidente de seu pais, Bashar Al-Assad, contou que pretende aproveitar sua estada no Brasil para aprender a língua portuguesa.
Com dificuldades, ela também contou um pouco sobre a sua vida na Síria, afirmou estar gostando do Brasil e defendeu Al-Assad: “ele é bom, está com a razão”.
Para o aluno do 6º período de Letras, Diego da Silva Rico Nunes, 25 anos, o fato de não conseguir estabelecer um diálogo direto com Nancy deixou ele e seus colegas frustrados.
“A gente se pega tendo atitudes até desagradáveis, por falar devagar e alto demais com ela, na tentativa de que ela entenda algo. É intrigante, diferente, distante. Se ela falasse ao menos a língua inglesa, que praticamente é universal, seria bem mais fácil”, observou.
De acordo com Diego, os alunos de Letras já tiveram oportunidade de conversar com pessoas de diferentes nacionalidades, como franceses e alemães, mas todos falavam, mesmo que pouco, o inglês.
“Mesmo assim, todos nós gostamos muito da visita. A experiência valeu muito, dado ao fato de toda tensão e atenção que envolve a Síria nesse momento. Os costumes são muito diferentes, mas é muito rica essa troca de experiência, mesmo que limitada, por enquanto”, brincou.
Segundo o Prof. Dr. Eduardo César Catanozi, o convite para que Nancy viesse até a Unifev partiu das próprias alunas do curso, que a conheceram, por acaso, durante os projetos que realizam junto às escolas estaduais no município.
“Sempre aproveitamos essas oportunidades para que os alunos do curso de Letras possam conhecer outras culturas e compará-las à nossa. Estudos dessa natureza são conhecidos como interculturalismo”, finalizou.