Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
O lançamento da campanha do Roatry Club de Votuporanga para combater a dengue erá no próximo dia 31, às 9 horas, na Praça Cívica. Mas, antes mesmo da data, o presidente da Comissão de Tolerância Zero para o mosquito da dengue, o médico Joaquim Figueira da Costa, utilizou na última segunda-feira, a tribuna da Câmara Municipal, para pedir o apoio da população. "A nossa preocupação com a dengue já vem a algum tempo", disse o médico, que já contraiu a doença. "Ao fazer uma aplicação de radioterapia em São José do Rio Preto, eu, minha esposa Vanda e ex-vice-prefeito Rames Cury, depois de três dias, tremíamos de febre e de dor no corpo por causa da dengue adquirida lá", emendou. De acordo com o Secez (Setor de Controle de Endemias e Zoonoses), Votuporanga possui 1802 suspeitos e 708 positivos.
Ele disse que o primeiro sintoma foi a baixa resistência. "Os glóbulos brancos que
estão 6 mil e 7 mil, vão a 10 mil e se multiplicam para controlar qualquer infecção.
Na dengue é ao contrário. Fiquei sem resistência, quase 2 mil. As plaquetas do sangue que regulam o processo de sangramento e hemorragias cujos números normais variam de 180 a 300 mil, chegaram a 60 mil. É uma doença extremamente perigosa, principalmente para quem tem baixa resistência. Tem sido assinalado um número muito grande de morte por complicações, por falta de resistência e hemorragia que pode produzir em razão da baixa das plaquetas", orientou.
A preocupação da comissão é ainda maior devido às estatísticas. "Talvez em razão
das chuvas que tivemos nos meses de janeiro, fevereiro e março, o surto de dengue tem sido intenso em São Paulo, a ponto de bater em junho o recorde de todos os tempos e as mortes por dengue crescerem 94% no país. O índice de pessoas infectadas mostra como ficaram os números no Brasil. Minas é o líder, teve 203.963 casos nos primeiros meses. São Paulo em segundo lugar com 121.270. Em terceiro, Goiás com 79 mil e em quarto, Mato Grosso do Sul, em quinto, Paraná e em sexto, Mato Grosso", explicou.
Para ele, os cuidados são dobrados não só com a dengue. "Os nossos Estados
vizinhos, de vez em quando, têm alguns focos de febre amarela que é mais grave que a dengue e é transmitida pelo mesmo mosquito Aedes aegypti. Se por ventura,
tivermos a infelicidade de um amigo ir para Mato Grosso do Sul e adquirir a febre
amarela, tendo o mosquito aqui, seremos vetores e transmitiremos e disseminaremos a doença de forma arrasadora na cidade", destacou.
O médico deu exemplo do sanitarista Osvaldo Cruz, que conseguiu erradicar o
mosquito no Rio de Janeiro, mesmo com condições sanitárias precárias como favelas e terrenos baldios. "Não se justifica que no nosso Estado houve aumento abusivo, apesar de todo trabalho de órgãos responsáveis, em especial do Setor de Endemias e Zoonoses em Votuporanga. Tivemos contato com a chefe do setor, conversamos bastante e vimos o quanto eles fazem na cidade no sentido de combater", disse.
O médico pediu a colaboração dos votuporanguenses. "Temos que conscientizar todas as pessoas da cidade no sentido de que o problema é nosso. O setor público está fazendo a sua obrigação, mas nós temos que levar ao conhecimento de todos que é necessário eliminar focos de criadouros de dengue", afirmou.
Ações
Figueira da Costa destacou que algumas ações estão previstas. "O mosquito tem
alguns adversários como a libélula, que se alimenta das larvas do Aedes. Isso é uma observação que já está sendo aplicada em Votuporanga. Falamos com a Saev
Ambiental, com o Marcelo Zeitune e ele já comprou uma quantidade boa de sementes de crotalária e vai plantar em terrenos baldios e fundos de vale. O presidente da Câmara Municipal, Osvaldo Carvalho da Silva, vai conseguir um número razoável de sementes para que a população plante em sua casa", enfatizou.
Além disso, algumas escolas da rede municipal de Votuporanga estão promovendo
campanhas. Os estudantes que levarem criadouros de dengue, são premiados com
sorvete. "Nesta campanha estamos envolvendo o Secez, o Conselho Municipal de
Saúde, Secretaria de Cidade, Saev Ambiental, Associação Comercial, CAV
(Votuporanguense) que no domingo vai desfilar com faixas: 'Tolerância zero para o
mosquito, faça a sua parte'. Quem sabe Votuporanga dá exemplo para São Paulo e Brasil de que através de uma ação comunitária geral, nós podemos combater o
mosquito da dengue e com isso evitar uma doença que já matou bastante gente",
finalizou.