Desde o início do ano foram detectados 318 casos da doença nas unidades municipais de saúde
Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
Uma doença muito comum na infância está tirando o sono de muitas mães. A Vigilância Epidemiológica de Votuporanga contabilizou, do início do ano até o momento, 318 casos de catapora nas unidades municipais de saúde. O infectologista da Secretaria de Saúde, Jucival Fernandes, considera que o município está atravessando surto da doença. "Há uma grande concentração de casos. Por ser altamente contagiosa, uma criança transmite para a outra e dissemina. Deve haver mais pessoas com catapora, que se consultaram em clínicas particulares ou não procuraram médicos, incluindo adultos", disse, em entrevista ao jornal A Cidade.
A varicela (“catapora”) é uma doença infecciosa aguda, altamente transmissível, causada pelo vírus varicela-zóster. A doença é mais comum em crianças entre um e dez anos, porém pode ocorrer em pessoas susceptíveis (não imunes) de qualquer idade. Na maioria das vezes, principalmente em crianças, a doença evolui sem consequências mais sérias. Contudo, a varicela pode ter evolução grave e até causar o óbito, sendo consideravelmente maior o risco quando ocorre em adultos e pessoas com imunodeficiência. A taxa de letalidade, que em crianças saudáveis é de 2 para cada 100.000 casos, é de 15 a 40 vezes maior em adultos. A infecção confere imunidade permanente, embora o sistema imunológico não seja capaz de
eliminar o vírus. Nesta semana, um menino de seis anos faleceu em Fernandópolis por conta da doença.
O ser humano é o único hospedeiro natural do vírus varicela-zóster. A infecção, em geral, ocorre através da mucosa do trato respiratório superior (porta de entrada). A transmissão do vírus ocorre, principalmente, pela secreção respiratória (gotículas de saliva, espirro, tosse) de um indivíduo infectado ou pelo contato direto com o líquido das vesículas. Mais raramente, a transmissão se dá forma indireta, pelo contato com objetos recém-contaminados com secreção das vesículas. "A mulher grávida também pode transmitir para o seu bebê", explicou o médico.
Os primeiros sintomas são febre entre 37,5° e 39,5°, mal-estar, inapetência, dor de cabeça, cansaço. De 24 a 48 horas mais tarde, surgem lesões de pele caracterizadas por manchas avermelhadas que dão lugar a pequenas bolhas ou vesículas cheias de líquido que posteriormente formarão crostas, e que provocarão muita coceira.
O período de maior risco de transmissão começa 48 horas antes do aparecimento das vesículas e vai até a formação de crostas em todas as lesões. Em crianças previamente saudáveis este período é de geralmente 6 a 8 dias (4 a 6 dias após o surgimento das lesões na pele), porém pode ser mais prolongado (até meses) em indivíduos com imunodeficiência, perdurando por todo o período de surgimento de novas lesões (vesículas). "É imprescindível que neste período as mães não levem suas crianças com os sintomas para as salas de aula. A varicela é uma doença altamente transmissível. Cerca de 90 % dos contactantes domiciliares susceptíveis de um pessoa com varicela podem adquirir a doença", disse.
Jucival destacou que a doença pode ser evitada através da utilização da vacina contra a varicela. "Ela é encontrada somente na rede privada, uma vez que não faz parte do calendário de vacinação do Ministério da Saúde", finalizou. Em média, a dose única custa R$ 100.