A decisão foi anunciada anteontem, publicada no jornal boliviano "La Razón" e confirmada pelo Ministério Público de São Paulo
A Promotoria boliviana admitiu levar em consideração o depoimento do adolescente brasileiro que afirma ter feito o disparo do sinalizador que teria atingido Kevin Beltrán Espada, no dia 20 de fevereiro, na cidade de Ouro.
O adolescente entregou-se em Guarulhos no dia 25. Desde então, a Bolívia jamais o levou em consideração.
Alfredo Canaviri, fiscal que investiga o caso, viajará ao Brasil para ouvir o depoimento do adolescente, cujo relato foi traduzido e enviado ao país vizinho via Itamaraty, mas desde sempre ignorado.
A decisão foi anunciada anteontem, publicada no jornal boliviano "La Razón" e confirmada pelo Ministério Público de São Paulo.
À imprensa local, Ramiro disse que a Justiça "não quer mais atrasos e esclarecer os fatos para encontrar os verdadeiros responsáveis".
E projetou a ida de Canaviri ao Brasil "em semanas".
A decisão passa pela visita do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que solicitou maior cooperação jurídica entre os dois países.
E pela pressão em torno dos 12 brasileiros que continuam presos em Oruro depois de quase dois meses.
"Investigação nunca houve", disse a advogada Maristela Basso, cuja equipe representa os 12 presos. "Apenas ontem [anteontem] o fiscal admitiu abrir novas investigações para apurar outras possibilidades", afirmou.
A advogada referiu-se à chamada inspeção ocular, semelhante a uma reconstituição do crime. Os 12, pela primeira vez, voltaram ao estádio para dizer onde estavam exatamente na hora do crime. Cinco deles alegam que nem sequer estavam dentro da arena no momento do fato.
"Esperamos que ao menos esses cinco brasileiros sejam soltos nas próximas horas, já que pela primeira vez este fato foi constado em ata pelo fiscal", disse a advogada.
A defesa dos 12 sustenta a tese de que não há comprovação de que o sinalizador partiu da torcida brasileira.
"O fiscal admitiu que vai abrir investigações para outras possibilidades, como a [possibilidade] do artefato ter vindo de outro lugar. Os peritos que estavam lá verificaram isso", diz Maristela.