As células-tronco retiradas do
cordão umbilical no momento do parto têm trazido grande esperança no tratamento
de diversas doenças em todo o mundo. Em um procedimento totalmente indolor para
a mãe e para o bebê, o material coletado, que normalmente é descartado pelos
médicos, pode ficar criopreservado em tanques de nitrogênio por tempo
indeterminado.
O sangue retirado do cordão
possui maior quantidade dessas células-tronco, que tem o poder de se
especializarem e a capacidade de criar e multiplicar as células, os tecidos de
órgãos e demais sistemas do corpo. O que atrai os biocientistas é justamente
essa flexibilidade. Segundo a Dra. Ana Carolina Marchiori, Ph.D em Biologia
molecular, diretora do laboratório Biocells de células-tronco, na cidade de
Americana-SP, a medicina regenerativa é promissora. “Com as terapias de
células-tronco entramos no ramo da medicina regenerativa que trata da renovação
das células, tecidos ou órgãos danificados para restabelecer sua função normal.
Terapias com células-tronco autólogas (da própria pessoa) ainda tem a vantagem
de não existir risco de rejeição pelo sistema imunológico, por isso o número de
pesquisas nessa área tem crescido muito”, disse.
Por exemplo, nos Estados Unidos
existem tratamentos promissores em fase avançada de estudos, sendo que alguns
já foram aplicados com sucesso. Segundo reportagem da TV Kwch (USA), Ryan
Benton, de 28 anos, portador de distrofia muscular de Duchenes, é o primeiro
paciente com esse tipo de distrofia que recebeu injeção intramuscular de
células-tronco retiradas do cordão umbilical. Ryan está em tratamento e deve
receber mais três infusões.
Durante o quarto Congresso
Internacional sobre tratamentos inovadores com células-tronco, que aconteceu em
outubro deste ano, em Buenos Aires, foram debatidos os recentes avanços
alcançados com a utilização de células-tronco. Órgãos em 3D, próteses sob
medida e casos de pacientes tetraplégicos que recuperaram a mobilidade foram
testados clinicamente durante 12 anos, mostrando resultados positivos.
No
Brasil a coleta e armazenamento das células-tronco já é uma realidade. Hoje,
existem vários bancos privados de armazenamento de células-tronco com
aproximadamente 80 mil amostras armazenadas. De acordo com André Feldman,
diretor executivo da Biocells, único banco privado do interior de São Paulo, a
prevenção faz com que as famílias procurem os bancos privados. “O sentido da
armazenagem de células-tronco é o pensamento preventivo. A prevenção é a palavra
chave para se ter ‘paz de espírito’, caso em uma eventualidade algumas doenças
graves sejam diagnosticadas durante a vida de seu filho, e essas doenças tenham
possível tratamento com células tronco”, disse.
Diferentemente de quando o
paciente recebe células-tronco doadas da medula óssea de outra pessoa, as
células-tronco retiradas do cordão umbilical são 100% compatíveis com o bebê,
além de ter a chance de 25% de ser compatível com um irmão ou parente próximo.
Entre as principais doenças com
possível tratamento utilizando células-tronco retiradas do cordão umbilical,
estão leucemias, anemia, linfomas, as metabólicas, imunológicas e as de
falência medular. Atualmente, são mais de 80 doenças com potencial de
tratamento e mais inúmeras em estudos avançados.