Estudo, que será feita em parceria com a Faculdade de Medicina local, é reta final para o lançamento da primeira vacina brasileira contra a doença
O Estado de São Paulo inicia nesta quinta-feira, 23 de junho, em São José do Rio Preto, testes em humanos da primeira vacina brasileira contra a dengue, desenvolvida pelo Instituto Butantan, unidade da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e um dos maiores centros de pesquisa biomédica do mundo.
Cerca de 1,2 mil rio-pretenses devem participar do estudo, que integra a terceira e última etapa antes da aprovação da vacina para produção em larga escala pelo Butantan e disponibilização para campanhas de imunização em massa na rede pública de saúde em todo o Brasil.
Em Rio Preto os ensaios clínicos serão conduzidos pela Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde do município.
Os moradores da cidade estão sendo convidados a participar do estudo por agentes comunitários ligados à Famerp, especialmente treinados, que visitam residências de regiões previamente definidas com base em critérios como o perfil epidemiológico das áreas. A vacinação e o acompanhamento dos voluntários pela Famerp estão sendo realizados em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) da cidade.
A Famerp é o segundo dos 14 centros de estudo credenciados pelo Butantan (confira relação completa abaixo) a iniciar os estudos da terceira e última fase de testes da vacina da dengue, que envolverão 17 mil pessoas em 13 cidades nas cinco regiões do Brasil. O primeiro foi o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, na capital paulista. Na próxima semana, dois novos centros também darão início aos trabalhos em Manaus (AM) e Boa Vista (RR).
São convidadas a participar do estudo pessoas saudáveis, que já tiveram ou não dengue em algum momento da vida e que se enquadrem em três faixas etárias: 2 a 6 anos, 7 a 17 anos e 18 a 59 anos. Os participantes do estudo são acompanhados pela equipe médica por um período de cinco anos para verificar a duração da proteção oferecida pela vacina.
A vacina do Butantan, desenvolvida em parceria com o National Institutes of Health (EUA), tem potencial para proteger contra os quatro vírus da dengue com uma única dose e é produzida com os vírus vivos, mas geneticamente atenuados, isto é, enfraquecidos.
Nesta última etapa da pesquisa, os estudos visam a comprovar a eficácia da vacina. Do total de voluntários, 2/3 receberão a vacina e 1/3 receberá placebo, uma substância com as mesmas características da vacina, mas sem os vírus, ou seja, sem efeito. Nem a equipe médica nem o participante saberão quais voluntários receberam a vacina e quais receberam o placebo. O objetivo é descobrir, mais à frente, a partir de exames coletados dos voluntários, se quem tomou a vacina ficou protegido e quem tomou o placebo contraiu a doença.
Os dados disponíveis até agora das duas primeiras fases indicam que a vacina é segura, que ela induz o organismo a produzir anticorpos de maneira equilibrada contra os quatro vírus da dengue e que ela é potencialmente eficaz.
“A dengue é uma doença endêmica no Brasil e em mais de 100 países. A vacina brasileira produzida pelo Butantan, um centro estadual de excelência reconhecido internacionalmente, será certamente uma importante arma de prevenção para que o país possa delinear estratégias de imunização em massa, protegendo nossa população contra a doença e suas complicações, afirma o secretário de Estado da Saúde, David Uip.