Procedimento incluiu outros órgãos como fígado, rins e córneas; avião da Força Aérea Brasileira ajudou no transporte
Dia quatro de novembro de 2017, dia histórico para a Santa Casa de Votuporanga. A equipe da Comissão Intra-Hospitalar de Transplante (CIHT) realizou a captação inédita de coração, após cinco anos do serviço.
Em um ato de amor e generosidade em meio ao luto, a autorização da família de um paciente, possibilitou que, além do coração, fossem captados fígado, rins e córneas, salvando vidas e levando esperança a pacientes que aguardam transplante.
A Comissão Intra-Hospitalar de Transplante da Santa Casa está vinculada à Equipe da OPO-SJRP (Organização de Procura de Órgãos do Hospital de Base), que promove a ligação com a rede Nacional de Transplantes. Assim que uma família autoriza a doação, uma força-tarefa se inicia, para garantir que o procedimento seja executado com sucesso.
Diante da rapidez necessária para a captação do coração, um avião da Força Aérea Brasileira auxiliou no transporte. O cirurgião cardiovascular Ernesto Frank Cisneros Lopez e a enfermeira Déborah Santos Ribeiro, do Hospital Albert Einstein (SP), utilizaram a aeronave para chegar até Votuporanga. “O coração está em ótimo estado e poderá ser utilizado em um paciente. Fazemos nosso trabalho com dedicação e amor e, ao termos um resultado positivo como esse, a satisfação é imensa”, frisou.
Para a captação de fígado e rins, profissionais que fazem parte da Organização de Procura de Órgãos do Hospital de Base - Equipe da OPO-SJRP - participaram do procedimento. São eles os médicos Dr. Giuliano Bento (cirurgião), Dr. Rafael Melo (residente) e o enfermeiro James da Luz Rol (OPO).
A equipe da Comissão Intra-Hospitalar de Transplante da Santa Casa acompanhou todo o processo. “Nos faltam palavras para este momento tão ímpar. Realizar a nossa primeira captação de coração é o resultado de um trabalho incansável, de conscientizar familiares sobre a importância da doação. Este foi o terceiro procedimento de múltiplos órgãos do ano, e de muita emoção para toda a equipe, que tem como objetivo, salvar vidas mesmo em situações tão delicadas como a morte de um ente querido”, disse a coordenadora de enfermagem da CIHT, Kelly Almeida.
A comissão é formada pelos enfermeiros Bruno Henrique Chiqueto, Jéssica Eusebio Tonin Sakamoto, Vanessa Benacci da Silva; técnico de Enfermagem, Wilson Luis Poloni e os médicos Dra. Ligia Maria Duarte Tellis; Dra. Natalia Acquaroni Gondim; Dr. Luis Augusto Antunes Glover; e Dr. Wagner Moneda Telini.
Kelly Almeida ressaltou a necessidade da família concordar com a doação. “Quero agradecer a família que mesmo vivendo este momento difícil, possibilitou a tentativa de dar esperança para outras pessoas. Esse gesto de generosidade não é para qualquer um”, complementou.
Ela frisou a dificuldade de captar coração. “É difícil conseguir pacientes que evoluem para morte encefálica e ainda têm condições para doar o coração, pois se trata de uma captação muito complexa. Muitos pacientes que aguardam na fila para transplante cardíaco estão com uma expectativa de vida de meses, semanas e, em alguns casos, horas. A única esperança é a realização do transplante. Por isso, tanto empenho da equipe em conseguir realizar a captação, mesmo diante de tanta adversidade. Estamos muito emocionados”, finalizou.