Médica do SanSaúde, Dra. Camila de Conti Fochi, oferece dicas para os pais
Médica do SanSaúde, Dra. Camila de Conti Fochi, oferece dicas para os pais (Foto: Santa Casa)
A obesidade não é mais apenas um problema estético, que incomoda por causa da “zoação” dos colegas. O excesso de peso nas crianças pode provocar o surgimento de vários problemas de saúde como diabetes, problemas cardíacos e a má formação do esqueleto.
A doença vem se expandindo de forma alarmante em todo o Brasil. Estudos recentes mostram que metade dos pequenos está acima do peso considerado adequado para a idade. Por conta disso, a Sociedade de Pediatria de São Paulo promove a campanha Setembro Laranja, para alertar sobre a importância de práticas alimentares saudáveis em casa e nas escolas, bem como estimular a prática de atividades físicas.
A endocrinologista infantil do SanSaúde, Dra. Camila de Conti Folchi, explicou porque a maioria dos atendimentos é sobre obesidade infantil. “As crianças estão praticando pouca atividade física. Não vão mais brincar na rua, preferem ficar no celular, videogame e computador. Além disso, tem o fator alimentação. Consomem mais frituras, industrializados. No mundo de hoje, é mais fácil abrir um pacote do que cozinhar. Beber um refrigerante do que espremer laranja. O estilo de vida está causando a obesidade, é uma pequena porcentagem de causas endocrinológicas, com alterações hormonais”, disse.
Para a médica, o grande desafio é conscientizar a família. “Muitas pessoas acham que crianças saudáveis são gordinhas. Mas é necessária avaliação com pediatra e acompanhamento, porque muitas vezes os pais não têm noção do peso. Após a consulta, o paciente é encaminhado para endocrinologista até mesmo para descartar uma doença mais séria”, complementou.
Tratamento
O tratamento é a mudança de vida. “Mudamos a alimentação e inserimos a prática de esporte, qualquer modalidade que o menor de idade goste. Mas é fundamental que a família esteja inserida neste tratamento. Não fazemos restrição alimentar, até mesmo porque as crianças estão em fase de crescimento. Mas é necessária alterar a rotina da casa”, destacou.
Consequências
Dra. Camila ressaltou os perigos ao longo prazo. “A obesidade está associada a doenças como infarto, derrame, problemas nos rins e pressão alta. Várias crianças estão com diabetes tipo 2, precisando de medicação. A família não se preocupa tanto, porque é uma situação crônica. As consequências acontecem após anos, muitas vezes irreversíveis. Uma vez instalada diabetes, não tem volta”, frisou.
Mensagem
No Setembro Laranja, a médica orienta os pais. “Analisem o que seus filhos estão se alimentando, incentivem atividade física, com foco mesmo no estilo de vida. Hoje aproximadamente uma para cada quatro crianças apresenta excesso de peso, e provavelmente dessas, em torno de 8% a 10% tem obesidade e quase todas tem obesidade grave. Por isso ela deve ser prevenida, porque não é muito simples perder peso exatamente numa fase de crescimento e desenvolvimento, ganhar massa muscular e massa gordurosa, então é preciso equilibrar crescimento e desenvolvimento com restrição de energia e que não modifique o crescimento, por isso é muito mais importante prevenir do que tratar”, advertiu.