Pacientes com outras doenças estão deixando de buscar atendimento por medo da Covid-19
Recepção do Mini-Hospital do Pozzobon, por volta das 15h30 (Foto: A Cidade)
Fernanda Cipriano
Estagiária sob supervisão
fernanda@acidadevotuporanga.com.br
Enquanto os números de casos e de mortes causadas pelo novo coronavírus não param de aumentar no Brasil, os pronto-atendimentos de Votuporanga têm algo nunca visto: onde antes havia superlotação em dias normais, atualmente se vê bancos vazios. A explicação é simples, os pacientes com outras doenças estão deixando de buscar atendimento por medo da Covid-19.
É o que revela o hospital Unimed de Votuporanga em levantamento feito a pedido do jornal A Cidade. Após a determinação de isolamento social, o local apresentou uma redução de aproximadamente 64% no número de consultas de plantão clínico, pediatra e demais procedimentos ambulatoriais. Em relação às internações, a redução foi de 55%. Os dados são comparados com abril de 2019, época em que a cidade enfrentava um pico de dengue.
A gerente técnica do Hospital da Unimed de Votuporanga, Denise Riguera, disse à reportagem que parte do motivo desta redução se deu pela suspensão dos procedimentos que não tem urgência e que podem esperar.
“Acreditamos que toda essa redução se deu em parte por suspensão dos procedimentos eletivos que puderam ser poupados, por receio da população em procurar serviços de saúde, por redução dos casos de infecções em crianças, principalmente por não estarem frequentando escolas, dentre outros motivos relacionados ao isolamento social”, afirmou.
Apesar da necessidade do isolamento social, a profissional recomenda, no entanto, que as pessoas não deixem que o medo as impeçam de procurar atendimento médico, sob risco de complicações em caso de demora.
“Reforçamos que o hospital manteve os seus serviços em funcionamento e está preparado para atender todos os clientes, sejam por sintomas respiratórios ou outras queixas, e orientamos que os clientes não deixem de procurar o hospital em suas necessidades a fim de evitarmos outras complicações por demora em procurar por atendimento médico”, finalizou Denise.
Setor Público
Os pronto-atendimentos públicos de Votuporanga (UPA e Mini-Hospital do Pozzobon) também foram procurados para divulgação dos números, mas não houve resposta. A reportagem esteve no Pronto Atendimento Fortunata Germana Pozzobon, por volta de 15h30, e o movimento era baixo, apenas quatro pessoas estavam hospitalizadas naquele momento.
O A Cidade também procurou a população. Segundo a professora Maria Eduarda Dias, neste momento é importante evitar procurar um pronto-atendimento para situações comuns, pois geralmente os munícipes vão por qualquer motivo.
“Porque se tem uma coisa que a população está acostumada é ir em pronto-atendimentos por qualquer dorzinha. Vamos ter consciência e ir aos hospitais somente em casos de extrema necessidade. Se puder, fique em casa”, disse.
Cleide Carneiro Marques também compartilha do mesmo pensamento. “Iria somente se não houvesse outra opção e com todas as precauções, agora ser for um caso que eu não necessitasse, eu evitaria, com certeza. Porque daria oportunidade aos casos mais graves e tentaria outros recursos”, concluiu.