Começa hoje a programação da Semana da Consciência Negra em Votuporanga com Afroreggae
Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
Os batuques do Afroreggae marcam hoje o início da comemoração da Semana da Consciência Negra em Votuporanga. Os garotos do Afroreggae da Secretaria de Educação, Cultura e Turismo irão se apresentar na Cidade Universitária, às 20 horas e depois no Campus Centro da Unifev, às 21h30. "Vamos levar uma variação de ritmo com maracatu, afoxé e capoeira", explicou a presidente do CPDCN (Conselho de Participação de Desenvolvimento da Comunidade Negra), Maria Madalena Moreira.
Na sexta-feira, será realizada uma missa afro na Capela Santo Expedito, no bairro Colinas, a partir das 19h30. "Já no sábado pela manhã, a partir das 10 horas e até o meio-dia, teremos apresentação do Afroreggae, capoeira e maculelê na Praça Cívica. À tarde, haverá uma oficina de jongo, que é a segunda manifestação cultural do povo brasileiro, depois do samba", destacou. Para o curso, o mestre de Angra dos Reis, Marião Rohem, explicará sobre jongo a partir das 14 horas no Museu Municipal (no Ecotudo).
Ela ressaltou que o objetivo é aproximar a cultura afro da população. "Queremos abrir caminhos para chegar até as comunidades em trabalho com a associação de bairros. A finalidade é resgatar e valorizar a cultura e pedir a participação da comunidade no Conselho", disse.
Maria Madalena frisou que o maior desafio é fortalecer o órgão, que existe desde 2002. "O intuito é que se tenha uma participação mais efetiva, que os negros conheçam seus direitos e a história. Há um distanciamento do negro com a sua cultura", enfatizou.
Vereador
Para o vereador José Carlos Leme de Oliveira, o desafio continua. "A luta dos negros por mais espaço continua. Com o passar dos anos tivemos avanços significativos, porém ainda é incômoda à maioria da população negra no que diz respeito a escolaridade, emprego e ascensão social. É preciso esforço da sociedade para reverter este quadro, que permita a total inserção do negro. Criação de políticas públicas capaz de atingir a grande massa, que anseia por melhores condições de vida. Sinto-me honrado por estar no Legislativo, não apenas como representante da raça negra, mas de uma comunidade que acredita e espera por um mundo que viva em perfeita harmonia, sem levar em conta a cor da pele. Agradeço as manifestações de respeito, carinho e apreço, fato que permite ainda sonhar de viver sem ter qualquer tipo de preconceito. Somos apenas uma raça: a humana", finalizou.
História
No Brasil, o Dia da Consciência Negra é comemorado no dia 20 de novembro. A data foi escolhida por coincidir com a morte do zumbi dos Palmares, em 1625. A Semana dentro que está este dia, recebe o nome de Consciência Negra. O dia celebra a resistência do negro e a escravidão em solo brasileiro. A data é festejada desde a década de 70, tornando-se parte do calendário nacional com a lei 10639/2003. A Semana é voltada para a reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. O quilombo dos Palmares, localizado em Alagoas, era uma comunidade autosustentável, um reino e república para alguns formado por escravos negros que haviam escapados de senzalas. Ocupam uma área próxima ao tamanho de Portugal e situava-se onde era interior da Bahia. Sua população alcançava cerca de 30 mil pessoas. Zumbi nasceu em Palmares , livre de 1665 e foi entregue a um messionário portugês quando tinha 6 anos. Zumbi foi batizado de Francisco e recebeu o sacramento em português e latim,a judando na missa. Ele escapou em 1670 e depois de 15 anos, retornou ao seu local de origem. Era conhecido pela despreza, luta e já era um estrategista militar respeitável quando chegou aos 20 e poucos anos. Por volta de 1678, o governador da Capitania de Pernambuco cansado do longo conflito com o Quilombo de Palmares, se aproximou do líder de Palmares, Ganga Zumba, com uma oferta de paz. Foi oferecida a liberdade para todos os escravos fugidos se o quilombo se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa; a proposta foi aceita, mas Zumbi rejeitou a proposta do governador e desafiou a liderança de Ganga Zumba. Prometendo continuar a resistência contra a opressão portuguesa, Zumbi tornou-se o novo líder do quilombo de Palmares.
Quinze anos após Zumbi ter assumido a liderança, o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho foi chamado para organizar a invasão do quilombo. Em 6 de fevereiro de 1694 a capital de Palmares foi destruída e Zumbi ferido. Apesar de ter sobrevivido, foi traído por Antonio
Soares, e surpreendido pelo capitão Furtado de Mendonça em seu reduto (talvez a Serra Dois Irmãos). Apunhalado, resiste, mas é morto com 20 guerreiros quase dois anos após a batalha, em 20 de novembro de 1695. Teve a cabeça cortada, salgada e levada ao governador Melo e Castro. Em Recife, a cabeça foi exposta em praça pública, visando desmentir a crença da população sobre a lenda da imortalidade de Zumbi.
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