Nos próximos três anos, estima-se que a indústria abrirá 1,1 milhão de novos empregos para o nível técnico e de média qualificação no país. Dessas, 625 mil vagas são apenas para seis segmentos – veículos automotivos, máquinas e equipamentos, alimentos e bebidas, construtoras, roupas e acessórios, e prestação de serviços. Os dados aparecem no Mapa do Trabalho Industrial 2012, divulgado recentemente pelo Senai, e demonstram a necessidade urgente de qualificar jovens para ocupar as novas oportunidades. Sem o aporte de capital humano, a indústria poderá sofrer o agravamento do apagão de mão de obra, o que traria consequências penosas para o crescimento econômico.
A ocupação que terá maior demanda será a de técnico de construção civil, com mais de 16 mil vagas, seguido por técnico de controle de produção nas montadoras de veículos (9,5 mil vagas) e no setor que presta serviços às empresas (8,2 mil vagas). O salário médio dos trabalhadores para essas profissões também foi descrito no estudo do Senai: 2,4 mil reais, chegando a 4 mil para quem tem dez anos de experiência.
Apesar da boa oferta salarial, uma das dificuldades para conquistar vagas em muitos desses segmentos é a falta de qualificação dos jovens que estão chegando ao mercado de trabalho apresentando deficiências em habilidades como matemática e informática. A culpa disso recai na qualidade do ensino brasileiro, colocado em xeque como responsável pelo baixo rendimento dos alunos que, nas avaliações nacionais e internacionais, sempre dão vexame nos resultados obtidos em ciências, matemática e português.
É necessário uma reformulação urgente no ensino médio brasileiro, com disciplinas que deem ênfase ao mercado de trabalho. Hoje existe um vasto conteúdo programático – em consequência das inúmeras disciplinas incluídas na grade curricular –, mas o aluno, na maioria das vezes, nem sabe por que está estudando aquilo tudo. Por isso, uma reforma na educação, com mais foco e maior qualidade de ensino, ajudaria a resolver parte das mazelas que temos hoje na sala de aula e na formação de nossos jovens para o mercado de trabalho. É importante também investir pesado no ensino técnico e no estágio como antídotos clássicos para a falta de mão de obra qualificada, esse motor indispensável para o desenvolvimento sustentável da economia.
*Luiz Gonzaga Bertelli é presidente Executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), da Academia Paulista de História (APH) e diretor da Fiesp