W. A. Cuin
“O homem não possuiu seu, senão aquilo que pode levar deste mundo. O que ele encontra ao chegar e o que deixa ao partir, goza durante sua permanecia na terra”. (Item 9, capítulo XVI, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec).
Vivendo ainda em um mundo de expiações e provas, atual estágio do nosso planeta, onde o mal, por enquanto, é maior que o bem, com naturalidade nos deparamos com o conceito equivocado de que a verdadeira fortuna se caracteriza pela quantidade de bens que possuímos. Quanto mais posses materiais têm a criatura maior é a sua fortuna.
Embora os benefícios que o dinheiro pode proporcionar quando aplicado de forma justa e equilibrada, a verdadeira fortuna não é aquela que se destina ao uso do corpo, mas tudo o que se refere ao uso do Espírito; a inteligência, os conhecimentos e as qualidades morais.
Os bens materiais, os recursos amoedados passam de mãos em mãos. Hoje podem estar conosco, amanhã em poder de outros, já as aquisições espirituais são definitivamente nossas, intransferíveis, formando as riquezas que dão origem à verdadeira fortuna, ou seja, aquela que carregamos no íntimo.
É afortunada a criatura que já entendeu a real necessidade de viver humildemente, despida de orgulho e vaidade, se portando na vida como um doador de alegrias e serenidade aos irmãos do caminho.
É afortunado o homem que conseguiu se sensibilizar pela dor e pelo sofrimento daqueles que seguem ao seu lado, movimentando recursos à sua disposição para amenizar as agruras dos corações torturados.
É afortunado quem já percebeu que todos as riquezas do mundo são insuficientes para comprar a paz e a tranqüilidade de consciência.
São afortunados os pais que se esforçam em ensinar aos filhos as lições imprescindíveis da honestidade, da gratidão, da lisura de caráter e do respeito ao próximo,
São afortunados os líderes religiosos que lecionam ao povo as inesquecíveis lições de Jesus Cristo, com exemplos práticos e total fidelidade aos ensinamentos cristãos.
São afortunados os líderes políticos e administrativos que sabem, com maestria e coragem, dirigir convenientemente a humanidade pelos seguros caminhos da dignidade e da honradez.
São afortunados aqueles que possuem posses materiais e as aplicam em favor do desenvolvimento social, sem trancafiá-las em cofres, para o atendimento de caprichos pessoais.
São afortunados os que possuem amor no coração e conseguem amar muito além dos seus familiares e amigos, entendendo que fazemos parte de uma imensa família; a universal, onde somos todos filhos do mesmo Deus, que distribui direitos e deveres de forma igualitária.
São afortunados os que se desgastam trabalhando constantemente em favor das camadas populacionais mais carentes, desenvolvendo ações que possibilitem a chegada do socorro em forma de oportunidades aos que seguem à margem da estrada.
São afortunados os idealistas, os desprendidos, os mansos e pacíficos, os de caráter ilibado, os que lutam diuturnamente pela formação de uma sociedade mais justa, fraterna e humana.
São pobres, muito pobres aqueles que ainda vivem para juntar tesouros na terra, acumular patrimônios visando usufruir de caprichos pessoais, em atendimento ao egoísmo que obscurece suas mentes e corações.
A verdadeira fortuna não está na quantidade de dinheiro que temos, mas na paz da consciência tranqüila diante dos deveres cristãos fielmente cumpridos.
Reflitamos...