W. A. Cuin
“Tratai todos os homens, como quereríeis que eles vos tratassem”. (Jesus, Lucas VI: 31).
A criatura que, conscientemente, já se aprofundou nas lições de Jesus, extraindo delas seu precioso conteúdo de ensinamentos, não mais se preocupa com discursos inflamados e pregações sistemáticas, mas lança-se, fervorosamente, a vivenciá-las na prática, sabendo que seus exemplos de fidelidade falarão bem mais alto.
Compreende que se o Cristo desembarcou no planeta pelas portas da manjedoura, sem as pompas dos templos ou das sinagogas, vivendo com sandálias, túnica e manto surrado, estava informando à humanidade que o ideal é a vida simples, longe das complicações oriundas da vaidade e da ostentação.
Conclui ao saber que o Mestre pregava nas ruas, nos montes, nas praias que não é necessário ambientes adredemente adornados, para que a palavra evangélica seja difundida. Existindo a real interesse em ensinar, despido de proselitismo e desejo de promoção pessoal, qualquer lugar será sempre um aconchego edificante.
Percebe, quando analisa a multiplicação de pães e peixes, que Jesus produziu o alimento, Ele mesmo, não delegando a tarefa para ninguém, o que permite compreender que devemos fazer aquilo que está sob as nossas incumbências, não transferindo as nossas responsabilidades aos outros.
Entende, estudando a vida do Cristo, que raramente O encontravam no templo, mas com freqüência era visto no meio do povo, o que evidencia a necessidade de sairmos dos nossos gabinetes e salas confortáveis, para também nos misturarmos com os necessitados, assim, com mais acerto poderemos sentir seus dramas e sofrimentos, procurando minorá-los.
Identifica que o jovem pródigo que saiu em busca de aventuras, após receber sua parte da herança, conforme ensinou o Cristo, não fora abandonado pelo pai, quando retornou na miséria, o que nos ensina a compreender, amar e a não julgar a ninguém.
Analisa a sábia resposta de Jesus: “daí a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus”, percebendo que não devemos nos apropriar do que não é nosso e nem invadir as propriedades alheias, tumultuando o convívio social e esparramando a insegurança e o medo.
Verifica que a nossa família é a humanidade, embora toda a atenção que devemos dar à família consangüínea, e não ignora que cada ser humano pertence a um agrupamento familiar, tendo sonhos de paz, de felicidade e bem-estar, merecendo, portanto, a nossa consideração e respeito.
Identifica que Jesus solicitou a Pedro o perdão incondicional, ao informar que seria preciso perdoar “setenta vezes sete vezes”, o que permite concluir que nunca devemos carregar as mágoas de uma ofensa ou o ódio de uma agressão.
Sabe que a assertiva, “os sãos não precisam de médico” quer dizer que devemos socorrer a todos, sem a pretensão de qualquer julgamento sobre a vida alheia.
Em realidade, viver de conformidade com os ensinos de Jesus, essa deve ser a nossa meta. Procuremos compreendê-Lo, na essência, e tudo seguirá seu curso com naturalidade.