W. A. Cuin
“E não olvidemos que o nosso beneficiário de hoje poderá ser o nosso benfeitor de amanhã”. ( Emmanuel, psicografia de Francisco C. Xavier, no livro “Escada de Luz”.).
Antonio Carlos, jovem ainda, sofrerá um Acidente Vascular Cerebral que deixou sequelas razoáveis. Perdera o movimento de uma das mãos e passou a caminhar com grande dificuldade e pouco equilíbrio.
Casado com Cândida e pai de dois filhos. Família generosa que contava com o auxílio de uma secretária do lar, a senhora Tereza, muito pobre e carregada de sérios problemas. Seu marido e filho viviam as voltas com a cadeia, pouco ou quase nada trabalhavam, embrenhados no mundo nefasto do alcoolismo e das drogas mais agressivas.
Tereza era mais que uma secretaria do lar, era uma irmã que recebia muito além do que seu salário, pois que era atendida sempre nas seguidas dificuldades que enfrentava. Antonio Carlos e Cândida, sensíveis, faziam por ela que o que era possível.
Embora o aconselhamento que dirigiam aos dois irmãos que vivam em desalinho, nenhum resultado prático verificavam, e, por isso em muitas oportunidades sofriam críticas ou mesmos a incompreensão de quem, de mais perto, acompanhava o desenrolar dos acontecimentos. Por que ajudar quem não quer ser ajudado? Não seria melhor deixa-los à própria sorte, para aprenderem com as consequências dos seus fatos infelizes? Mesmo assim o casal solidário continuava a amparar a pobre Tereza e seus familiares.
Certa noite, Cândida precisou acompanhar o filho mais velho, na organização da loja que o mesmo possuía, e, estando o outro filho em trabalho fora da cidade, Antonio Carlos precisou ficar sozinho em casa. Todas as recomendações lhe foram feitas para que não se movimentasse sozinho, pois que diante do pouco equilíbrio motor que possuía corria o risco de queda.
Não demorariam a retornar ao lar, no entanto, logo depois que saíram, Antonio Carlos sentiu necessidade de dirigir-se ao sanitário. Não querendo incomodar os familiares que estavam trabalhando na loja, entendeu que indo vagarosamente conseguiria chegar até ao banheiro. Ledo engano, alguns passos veio o desequilíbrio e a queda tão temida.
Estendido no chão, sem condições de se levantar, desconfortável pela urgência em chegar ao banheiro, o que fazer? Rogou em preces o auxílio Divino, e, arrastou-se com extrema dificuldade, até ao telefone e quando ia ligar para a esposa ouviu a campainha tocar. Consegui gritar e se fazer ouvido lá fora e eis que para sua surpresa lá estava o marido da Tereza que, encontrando o portão encostado, que Cândida havia deixado, adentrou o recinto totalmente alcoolizado, mas naquele momento caracterizando-se como um grande benfeitor, não só ajudando o Antonio Carlos a se levantar, mas também o conduzindo até ao sanitário.
O irmão que vivia mergulhado no vício deletério e na vadiagem comprometedora, naquele momento foi à criatura em melhores condições que os Benfeitores Espirituais encontram, para a prestação do socorro solicitado.
Em verdade nos ensina o Evangelho de Jesus que nunca devemos acreditar que somos superiores a quaisquer criaturas, pois aquele que hoje está com necessidade de receber o nosso socorro, amanhã, em outras circunstâncias, poderá nos socorrer.