Você pode estar imaginando que vê gente morta o tempo todo.
Mas não é imaginação, caro leitor; o que mais há na atualidade desta Terra de Credo em Cruz é gente que já morreu e não sabe; fantasmas e mais fantasmas, recentes, é bem verdade, que absolutamente desatualizados da velocidade dos acontecimentos, agem como se vivos estivessem, e se recusam terminantemente a desapegar: do osso; do cargo comissionado, das isenções, da boquinha em geral, do dinheiro facílimo - bilhões e bilhões -, tomados escancaradamente da gente decente que trabalha no país - nós, os otários, que nas últimas décadas sustentamos toda sorte de desmandos e rapinas - e sem reclamar.
Agora, tome! É viver assombrado!
Fantasmas, como se sabe, ressurgem do nada, das sombras e uuuhhhhhhhhh!!!!
Aprontam fantasmarias, e como!
Ridículas e muito engraçadas, mas, sabe como é, né? Vai que cola?
Com platéia desatenta, como a brasileira, faz-se mágica! E como!
O dinheiro some! E a vergonha na cara junto! A Lei, a Ordem e o Progresso, então...
É incrível!
Viver num mundo de fantasias tem seus percalços, seus custos - altíssimos -, mas parece que por aqui, pouca gente já se deu conta, realmente, do que significa - realmente -, dólar a 4, 5, 6, 7 reais, e de quem ganha e quem perde - e não vai recuperar tão cedo -, com isso.
Viver num país sob ataque especulativo é o fim da dignidade internacional - é o máximo do fundo do poço -, mas, realmente, parece que pouquíssimos já se deram conta disso.
E é tão fácil visualizar está situação, este estado de coisas do Estado.
Basta você imaginar que é Copa do Mundo e você torce para o time de um país sul-americano pobre, endividado, com índice de analfabetismo funcional em torno de 60%, 70%, e sem eficiência produtiva alguma, isto é, sem nenhuma chance de desenvolvimento no curto prazo, mas com uma seleção muito satisfeita consigo mesma, que não se empenhou em observar e estudar os adversários, acreditando, piamente, em sua superioridade, que no caso, não se pode distinguir muito bem de onde vem - do passado? De décadas atrás? Do mundo da fantasia?
Do mundo da fantasia, com certeza.
Pois é, aí esse time, se achando maravilhoso, o último caranguejo do mangue, é eliminado, depois muita, muita sorte, nas quartas de final, e os times vencedores são, justamente, os jamais suspeitados, mas que trabalharam duro, física e taticamente, por anos a fio.
A realidade é assim; é assim que funciona.
Nem museu vive mais de passado.
E de mortos-vivos o público já tá mais que enjoado.