Há tempos atrás, fazendo minhas leituras diárias encontrei um termo até meio desconhecido ou de pouco uso para mim. Fui pesquisar sobre o termo e encontrei uma riqueza de informações. O termo é ‘destralhamento’. Você já ouviu nesse termo? Vou destralhar para você então, se é que ainda não viu. Você vai achar interessante e deve mudar muita coisa corriqueira nos seus costumes. O termo tem um laço familiar com outro termo que você também raramente ouve, mas pouco usa. Esse segundo termo chama-se ‘toxina’. Sabe aquelas coisas e objetos que têm a ver com você, mas até certo ponto te põe a pensar se tornou incômodo? Vou te dar alguns exemplos. Reflita comigo: objetos que não te serve ou não mais te agrada; roupas que você não gosta ou não faz uso há bastante tempo; coisas ou objetos quebrados que você nem sabe por que os guarda; velhos bilhetes escritos por alguém que saiu de seu convívio há muito tempo; alguma planta em vasos carcomidos pelo tempo que nem floresce mais; remédios vencidos ou com pouquíssimo tempo para serem descartados; sapatos com pequenos defeitos que não mais lhe cai bem, Enfim, é preciso de forma urgente que você pratique o destralhamento de tudo isso. Destralhar é a forma rápida de transformar a vida mais prática, mais confortável. Com o destralhamento a saúde rejuvenesce, a criatividade aumenta trazendo um alívio de colecionador de coisas que não mais têm sentido.
É muito comum a pessoa sentir-se mais aliviada quando as coisas a seu redor desocupam os espaços úmidos, empoeirados, onde até mesmo onde escorpiões tiram soneca. As más línguas dizem e as boas confirmam que existe um fio invisível entre nós e as nossas bagunças. Não nos parece salutar sentir-se desorganizado, limitados a fracassos, mesmo que de pequeno porte, apegados a qualquer coisa do passado que o tempo moderno já mandou para o vazio. Não quero dizer aqui que o ‘moderno’ eliminou classicamente o ‘antigo’. Do contrário, se levarmos em conta a educação dispensada às crianças no passado, tem me parecido mais segura que a educação que vemos hoje. Na minha infância nunca ouvi dizer que uma pessoa havia saído do trabalho porque estava com depressão. Hoje isso é comum. Mas, foquemos o destralhamento. Dizem os entendidos que no porão ou no sótão, as tralhas têm pesos absurdos; nas entradas, restringem o livre caminhar das pessoas; empilhadas no chão, nos puxam para baixo; acima de nós, nos dão dor de cabeça; debaixo da cama, estraçalham nosso sono. Por quais motivos temos guardado o desnecessário? Será que ele tem a ver com a nossa rotina hoje? O que vai nos acontecer se nos livrarmos dele? Vamos doá-lo ou simplesmente jogá-lo fora? A vida nos recomenda hoje que sejamos práticos e que nos livremos de altos barulhos, de fortes luzes, de cores acentuadas, de odores químicos e até mesmo de revestimentos sintéticos.
Sabe de uma coisa? Será muito bom que aprendamos a destralhar mágoas, sentimentos negativos, hábitos desnecessários e maléficos à saúde, enfim, é preciso terminarmos nossos projetos interrompidos no meio do caminho. É-nos recomendável entender que frutas azedas nascem azedas e vão ficando docinhas com o tempo. Copiemos essa prática, destralhando-nos aos poucos. Quem sabe ainda dê tempo da doçura fazer parte do nosso cotidiano.