A vida, mais cedo ou mais tarde, te coloca contra a parede; te coloca no limite.
O limite de quem você realmente é; e te cobra uma decisão.
Você vai continuar vendendo sua alma (muitas vezes o preço é muito bom), ou vai viver a sua alma?
Ser o que se é; fazer o que te faz feliz, o que enche o seu coração de alegria. Viver a vida de verdade - com a alma. Ou vai adoecer, como todos os outros, enlouquecidos pela ânsia de dar satisfação ao status quo de um mundo, uma realidade, delirante, que não se contém enquanto não te rouba a sua última gota de sangue, a sua última célula saudável, o seu último pensamento lúcido.
Seguir a multidão de autômatos, adestrados para trabalhar e trabalhar e trabalhar, como perfeitos idiotas - ou melhor, idiotas perfeitos para a vaga -; e consumir e consumir e consumir, sem perspectivas, sem chances, apenas cansaço, frustração, e mais cansaço e mais frustração; ou vai buscar manter sua saúde acima de tudo e encontrar um jeito, uma forma - porque sempre há um jeito, uma forma -, de dar o truco - ou o troco -, num establishment pensado e repensado através dos séculos para se manter à custa da alegria, da felicidade alheia - à custa das almas alheias?
O cansaço extremo a que invariavelmente estamos submetidos pelo life style que nos é vendido, transformou a nossa atávica insatisfação em frustração crônica - insônia crônica, dor de cabeça crônica, dor de estômago crônica, náusea crônica - e eis aí, o nosso limite - a parede -, a sua saúde física vai pra o espaço, logo depois que a saúde mental partiu e você nem se deu conta.
Enlouqueceu, se perdeu de si, e não se deu conta.
Tornou-se um magoado crônico, um rancoroso crônico, e não se deu conta.
Acha-se num mato sem cachorro psicológico - do qual não vai sair tão fácil, não sem um tarja preta bem potente - pra começar.
São armadilhas e armadilhas e armadilhas - o caminho todo, o tempo todo, a vida toda - nesta vida que te vendem, a vida projetada pra vender, inclusive e principalmente, vender você, mercadoria cada vez mais barata.
Sabe como é, a oferta e a procura: a procura por idiotas no século XXI só faz aumentar, mas a oferta é cada vez maior.
Gente ansiosa e infeliz - que não aprendeu a se valorizar, a se respeitar -, se vende baratinho, baratinho.
O negócio é aprender a jogar truco.